Amazônia: desequilíbrio ambiental mata 7 mil bois e Roraima está em emergência

Desequilíbrio ambiental causado pelo El Niño intenso diminuiu predadores de lagartas e, agora, esses insetos atacam pastos e plantações em Roraima.

Publicado em: 28/06/2024 às 19:41 | Atualizado em: 29/06/2024 às 00:22

A morte de mais 7 mil bois e vacas por falta de pasto ocorreu no período de ao menos 40 dias e deixou Roraima em emergência.

A infestação de lagartas e ervas daninhas tem devorado a comida do rebanho em propriedades rurais.

Desde maio, morreram 7.139 cabeças de gado. No interior, as áreas das fazendas viraram cemitérios de animais mortos de fome.

O levantamento do prejuízo é do Instituto de Assistência Técnica e Extensão Rural (Iater), órgão do governo do estado que acompanha a situação junto aos produtores afetados.

A estimativa é que ao menos 54 mil hectares de pasto – o equivalente a 75 mil campos de futebol, tenham sido devastados.

O prejuízo, até agora, é de R$ 63 milhões, entre perda de gado e capim morto em 840 propriedades de Roraima, conforme estimativa preliminar do Iater. Equipes ainda estão em campo e o dano pode ser maior.

 O motivo da morte desse gado é a infestação de lagartas das espécies lagarta-do-cartucho-do-milho (Spodoptera frugiperda) e o curuquerê-dos-capinzais (Mocis latipes). Elas devoram o pasto que serve de alimento para os bois.

 A superpopulação das lagartas está relacionada ao desequilíbrio ambiental causado pelo El Niño intenso nos primeiros meses do ano em Roraima.

Com a estiagem e os focos de calor, diminuiu a população de predadores naturais dessas pragas nas áreas rurais e o impacto tem sido, principalmente, no rebanho de produtores.

Para se ter ideia, a cadeia da devastação ocorre desta forma: com o início do período chuvoso, o capim começou a brotar novamente e ganhar vida.

No entanto, neste mesmo período, surgiram as lagartas e os percevejos que atacaram os brotos que se tornariam alimento para gado.

Com isso, o capim não nasceu – e ainda foi impactado pela ação voraz do mata-pasto, uma das espécies de erva daninha.

“A morte dos animais começaram há aproximadamente 40 dias. Desde então, começamos a fazer o diagnóstico das principais áreas afetadas”, explicou o presidente do Iater, Marcelo Pereira.

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Foto: Eduardo Andrade/SupCom-ALE-RR