Amazônia: 30% das pistas clandestinas são em terras protegidas

Ao todo, existem 804 pistas de pouso irregulares na Amazônia e mais da metade delas está próxima de regiões de garimpo

Publicado em: 06/02/2023 às 22:18 | Atualizado em: 06/02/2023 às 22:27

Um levantamento inédito feito pelo MapBiomas identificou a presença de 2.869 pistas de pouso dentro da Amazônia. Esse número é maior do que o dobro registrado na ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil).

De acordo com as coordenadas geográficas, 28% delas estão dentro de alguma área protegida, o que representa um total de 804 pistas de pouso ilegais.

Desse total: 320 (11%) ficam no interior de Terras Indígenas e 498 (17%) no interior de Unidades de Conservação.

Das pistas irregulares, 456 (15,8%) ficam localizadas a uma distância de no máximo 5 quilômetros de áreas de garimpo, e dentro de Terras Indígenas esse percentual é maior.

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Na Terra Indígena Ianomâmi, 33,7% das pistas estão a 5 km ou menos de algum garimpo; entre os Kayapó, esse percentual é de 34,6%. Já entre os Munduruku atinge a marca de 80%.

“Há um problema logístico intrínseco ao garimpo, em especial dentro de Terras Indígenas e Unidades de Conservação, onde não há grandes rotas de acesso terrestre ou fluvial. Isso exige o acesso aéreo para abastecimento do garimpo e escoamento da produção ilegal”, explica César Diniz, doutor em Geologia e coordenador técnico do mapeamento da mineração no MapBiomas.

A rede, que é uma parceria entre universidades, ONGs e empresas de tecnologia, visa mapear a cobertura e uso da terra do Brasil.

No ano passado, o mais recente levantamento do Mapbiomas sobre garimpo e mineração no país constatou que os territórios indígenas mais explorados pelo garimpo foram Kayapó, Munduruku e Ianomâmi, respectivamente.

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Foto: Reprodução/Diário da Amazônia