AmazĂ´nia: empresas e cooperativas criam megagarimpos ilegais

Grupos utilizam brechas legais para criar mega garimpos ilegais na AmazĂ´nia

Publicado em: 26/05/2024 Ă s 20:01 | Atualizado em: 27/05/2024 Ă s 08:44

EmpresĂ¡rios e cooperativas tĂªm utilizado brechas legais para criar grandes Ă¡reas de mineraĂ§Ă£o ilegal de ouro na AmazĂ´nia, superando os limites de grandes capitais brasileiras. A matĂ©ria publicada pela Folha de S.Paulo, com base em registros da AgĂªncia Nacional de MineraĂ§Ă£o (ANM), revelou que uma Ăºnica cooperativa acumula mais de 200 mil hectares, Ă¡rea superior Ă  do municĂ­pio de SĂ£o Paulo.

Brechas legais e falta de fiscalizaĂ§Ă£o

As normas atuais determinam que uma pessoa fĂ­sica pode ter atĂ© cinco garimpos, cada um com no mĂ¡ximo 50 hectares. Para pessoas jurĂ­dicas, como cooperativas, esse limite sobe para 10 mil hectares. No entanto, essas restrições, definidas por portarias e normativas, tĂªm sido amplamente desrespeitadas, conforme mostram os dados.

A ANM, responsĂ¡vel pela fiscalizaĂ§Ă£o do setor, foi sucateada nos Ăºltimos anos, resultando em uma bilionĂ¡ria evasĂ£o fiscal e no surgimento de megagarimpos.

Um exemplo Ă© JosĂ© Antunes, ligado Ă  Amot (AssociaĂ§Ă£o dos Mineradores de Ouro do TapajĂ³s), que possui 161 requerimentos ativos de garimpo, totalizando 8.048 hectares no ParĂ¡.

Cooperativas acumulam grandes Ă¡reas

O cenĂ¡rio Ă© ainda mais grave no caso das cooperativas.

A Cooperalfa, por exemplo, possui 48 requerimentos ativos que somam 207,8 mil hectares em Mato Grosso.

Esta Ă¡rea Ă© comparĂ¡vel Ă  de Ancara, capital da Turquia.

Outras cooperativas, como a Coogavepe e a Coogam, tambĂ©m acumulam grandes Ă¡reas, ultrapassando os 100 mil hectares cada.

RepressĂ£o

A ANM estĂ¡ revisando as normas que sĂ£o burladas por cooperativas e empresĂ¡rios. Desde o inĂ­cio de 2023, hĂ¡ um esforço coordenado pelo MinistĂ©rio da Justiça para rastrear a cadeia do ouro e combater a mineraĂ§Ă£o ilegal e a evasĂ£o de divisas. Apesar disso, a autodeclaraĂ§Ă£o de extraĂ§Ă£o de ouro ainda facilita a lavagem de ouro ilegal no Brasil.

Propostas

Para melhorar a fiscalizaĂ§Ă£o, a atual presidente da Funai, Joenia Wapichana, apresentou um projeto de lei para criar um sistema de rastreabilidade do ouro.

Joaquim Passarinho (PL-PA) quer alterar o CĂ³digo da MineraĂ§Ă£o para incluir as restrições de lavras garimpeiras no texto da lei.

Julio Lopes (PP-RJ) propĂ´s a criaĂ§Ă£o de um Ă³rgĂ£o de monitoramento da mineraĂ§Ă£o para sistematizar as informações do setor e coibir prĂ¡ticas ilegais.

A criaĂ§Ă£o de mega Ă¡reas para exploraĂ§Ă£o de ouro na AmazĂ´nia, atravĂ©s da burla de normas, evidencia a necessidade urgente de uma fiscalizaĂ§Ă£o mais rigorosa e de mudanças na legislaĂ§Ă£o.

As propostas de rastreabilidade do ouro e a criaĂ§Ă£o de um Ă³rgĂ£o de monitoramento sĂ£o passos importantes para combater a mineraĂ§Ă£o ilegal e proteger a AmazĂ´nia.

Foto: DivulgaĂ§Ă£o PF