Sul do Amazonas: Polícia Federal volta a fazer busca e apreensão em cartório
PF desmantelou uma rede de grilagem no Amazonas, prendendo servidores do Incra e outros envolvidos em fraudes e lavagem de dinheiro, com bens bloqueados em R$ 100 milhões.

Publicado em: 16/07/2024 às 21:59 | Atualizado em: 16/07/2024 às 21:59
No Dia Mundial do Meio Ambiente, a Polícia Federal no Acre (PF-AC) deflagrou a Operação Brazilian Cricket (Grilo Brasileiro), direcionada a uma organização criminosa no sul do Amazonas.
A operação envolveu mais de 40 policiais federais atuando nos estados da Bahia, Amazonas, Tocantins e Acre, cumprindo três mandados de prisão preventiva e 18 mandados de busca e apreensão, dois deles na Superintendência do Incra em Manaus.
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A investigação, um desdobramento da Operação Xingu de agosto de 2023, que prendeu um grupo de desmatadores, focou em fraudes cometidas por uma família de grileiros em conluio com servidores do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e outros operadores.
O grupo é acusado de fraudes em cartórios e em sistemas da União, além de estelionato e lavagem de dinheiro. A escolha do Dia Mundial do Meio Ambiente para a operação simboliza o compromisso da PF com a repressão a crimes ambientais.
Entre os detidos estão dois funcionários do Incra: Antônio Carlos Pereira Sardo e Flor de Maria Mendonça Jinkings, presos no Amazonas.
César de Castro Brasileiro Borges, o principal alvo, foi preso em Palmas. Borges, dono de fazendas, é considerado um dos maiores grileiros do sul do Amazonas. Estima-se que o grupo tenha grilado mais de 100 mil hectares de terras da União.
A investigação revelou que a família de grileiros, com apoio de um técnico de georreferenciamento, um ex-Oficial de Cartório e servidores públicos, manipulava matrículas de imóveis e sistemas da União para validar propriedades privadas dentro da Floresta Nacional do Iquiri, em Lábrea (AM).
A grilagem envolvia a apropriação ilegal de terras e a venda dessas áreas a produtores rurais por valores abaixo do mercado.
O ex-Oficial de Cartório de Pauini-AM, envolvido no homicídio de um advogado da família de grileiros, ocorrido em 2023, também foi preso. A operação bloqueou bens do grupo, incluindo imóveis, veículos e uma aeronave, totalizando R$ 100 milhões.
Segundo a delegada Caroline Dias de Oliva, o “esquentamento” das propriedades envolvia falsificação de documentos para dar aparência de legalidade e venda a terceiros, gerando lucros superiores a R$ 40 milhões.
O estelionato também atingiu o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), com a venda de áreas de reserva legal para desmatamento.
Os investigados poderão responder por associação criminosa, falsidade ideológica, estelionato, peculato-eletrônico e lavagem de dinheiro, com penas que podem ultrapassar 20 anos de prisão. O material apreendido passará por análise e perícia, podendo revelar novos fatos e envolvidos.
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Foto: divulgação PF-AC