“Iracema: uma transa amazônica” está de volta aos cinemas
Clássico de 1975, censurado na ditadura, volta em 4K com exibições no Casarão de Ideias, em Manaus.

Por Dassuem Nogueira*
Publicado em: 13/08/2025 às 08:29 | Atualizado em: 13/08/2025 às 08:29
“Iracema: uma transa amazônica”, filme de Jorge Bodansky e Orlando Senna, foi relançado nos cinemas brasileiros em 24 de julho.
O filme foi lançado em 1975 e censurado durante o regime militar. Sua exibição só foi possível em 1981.
O longa é considerado obrigatório para a compreensão do debate em torno da preservação da Amazônia, pois se mantém atual de forma impressionante.
Elenco local
Iracema, interpretada por Edna de Cássia, é uma jovem de 15 anos que se prostitui e segue de Belém (PA) com o caminhoneiro gaúcho Tião Brasil Grande (Paulo César Peréio), pela estrada Transamazônica.
No filme há a participação maciça da população local treinada para atuar, tornando-o fiel aos modos e trejeitos da gente amazônica. O que, comumente, ao ser interpretados por atores de fora, torna-se caricata.
Pensamento colonial
Do mesmo modo, é possível observar, pelo personagem Tião Brasil Grande, ideias e postura que boa parte da população sulista, sudestina e estrangeira tem dos povos amazônicos: a de que não são capazes de desenvolver a região e a de que são eles quem trazem progresso.
Iracema, como metáfora da própria estrada, é abusada e enganada com a promessa de que a Transamazônica lhe levaria para o sul, rumo ao progresso.
Porém, ao ser esgotada, é deixada à própria sorte, literalmente, à beira da estrada.
Relançamento
Em Manaus, o filme está sendo exibido nas salas de cinema do Casarão de Ideias, na rua Barroso, 279, centro, próximo ao largo São Sebastião.
O cinema tem programação de quarta a domingo e os ingressos podem ser comprados diretamente no local ou pela internet.
O filme foi restaurado para ser exibido no formato digital 4k.
O relançamento de um filme dessa robustez é oportuno no momento em que o debate em torno da revitalização da Transamazônica está aquecido.
Nos recorda que os argumentos em torno de soluções desse tipo são antigos e suas consequências, conhecidas.

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Fotos: reprodução/internet