Querelas paroquiais ofuscam Rodrigo Maia em Manaus

Publicado em: 12/05/2018 Ă s 08:03 | Atualizado em: 12/05/2018 Ă s 08:03
Por Rosiene Carvalho, da RedaĂ§Ă£o
O presidente da CĂ¢mara dos Deputados e prĂ©-candidato Ă PresidĂªncia da RepĂºblica do DEM, Rodrigo Maia, foi ofuscado em sua agenda de prĂ©-campanha em Manaus.
Foi em decorrĂªncia da pauta da disputa eleitoral local ao ser prestigiado por lideranças empresariais e polĂticas que foram para confrontos nos eventos dos quais ele participou nesta sexta-feira, dia 11.
AlĂ©m disso, Rodrigo Maia, hĂ¡ dois meses do registro de candidatura, evitou falar de polĂªmicas da polĂtica nacional e foi coerente com o discurso do presidente estadual do DEM, Pauderney Avelino, sobre o modelo econĂ´mico da regiĂ£o: a Zona Franca de Manaus.
Maia tambĂ©m defendeu a conclusĂ£o da BR-319 como um importante instrumento de integraĂ§Ă£o da regiĂ£o e escoamento da produĂ§Ă£o do Polo Industrial de Manaus.
O presidenciĂ¡vel disse ainda que a regulamentaĂ§Ă£o de hidrovias Ă© uma necessidade para desenvolver a regiĂ£o.
Pela manhĂ£, no auditĂ³rio FederaĂ§Ă£o das IndĂºstrias do Estado do Amazonas (Fieam), repetiu crĂticas Ă polĂtica econĂ´mica do governo federal indicando que o crescimento econĂ´mico ficarĂ¡ abaixo da expectativa traçada para 2018.
O presidenciĂ¡vel tem assumido a postura de nĂ£o ser defensor do Governo Temer e repetiu o discurso em Manaus.
O prĂ©-candidato do Democratas disse nĂ£o ser a favor de incentivos fiscais que sĂ£o concedidos sem fiscalizaĂ§Ă£o da sua eficiĂªncia e efeito sobre a economia e melhoria de vida para a populaĂ§Ă£o.
Mas ressaltou vĂ¡rias vezes que sempre foi um favorĂ¡vel e defensor da Zona Franca de Manaus por ser uma experiĂªncia acertada e de preservaĂ§Ă£o da floresta.
Ofuscado
No entanto, os discursos de Maia em Manaus foram precedidos por lideranças polĂticas e empresariais que abriram pauta para assuntos espinhosos.
Na chegada do local em que recebeu a chave da cidade, Ă noite, Maia ficou isolado enquanto aguardava que a mĂdia entrevistasse o senador e prĂ©-candidato ao governo Omar Aziz e o prefeito de Manaus, Arthur VirgĂlio Neto (PSDB).
O principal tema era como ficariam os palanques estaduais, ainda indefinidos.
Na Fieam, a atuaĂ§Ă£o da bancada do Amazonas na defesa da Zona Franca tomou a frente e roubou a cena do discurso de Rodrigo Maia.
O economista e presidente do Centro da IndĂºstria do Estado do Amazonas (Cieam), Wilson PĂ©rico, um dos primeiros a falar, deu novo puxĂ£o de orelha na classe polĂtica. PĂ©rico afirmou que interesses polĂticos e eleitorais nĂ£o podem se sobrepor aos interesses da defesa do modelo econĂ´mico do Estado.
PĂ©rico destacou que o Cieam e a Fieam fizeram um levantamento que chamam de “agenda legislativa” para municiar os parlamentares do Amazonas sobre detalhes econĂ´micos importantes à Zona Franca de Manaus.
“Essa agenda legislativa foi preparada com muito estudo, muito afinco. NĂ³s elencamos 70 proposituras que tramitam no Congresso Nacional. Dessas 70, 52 divergem daquilo que Ă© direito e interesse da Zona Franca de Manaus. Ou seja, Ă© uma agenda extremamente nociva ao modelo Zona Franca. Dessas 18 favorĂ¡veis, temos uma que jĂ¡ foi aprovada, que Ă© a questĂ£o do P&D”, disse ao relatar a proposta que pode tirar a produĂ§Ă£o de bicicletas de Manaus e levar a geraĂ§Ă£o de emprego para fora do PaĂs.
Wilson PĂ©rico tambĂ©m disse para Rodrigo Maia que a Medida ProvisĂ³rio 656, que estĂ¡ na CĂ¢mara dos Deputados e que propõe a renovaĂ§Ă£o dos incentivos para a Sudam e Sudene, precisa ser aprovadas com urgĂªncia para trazer segurança jurĂdica nos investimentos na regiĂ£o.
O presidente do Cieam apelou aos parlamentares que incluam a “agenda parlamentar” do Cieam e da Fieam em suas prioridades. “É a primeira vez que fazemos isso para municiar nossa bancada. Para que tenham isso no seu radar prioridade na atuaĂ§Ă£o do seu mandato parlamentar. Vamos fazer isso todos os anos”,disse.
PĂ©rico encerrou o discurso desejando sucesso nos “desafios que se avizinham” aos polĂticos.
“NĂ£o sĂ³ com relaĂ§Ă£o Ă s eleições. Mas precisamos, e Ă© essa bandeira que trazemos com a agenda parlamentar, ter a sociedade organizada atravĂ©s de suas entidades de classe mais prĂ³ximas, Omar, da nossa representaĂ§Ă£o parlamentar. Para que nĂ³s possamos ser um sĂ³ pelo Amazonas, acima dos interesses polĂtico, partidĂ¡rio e particular. Assim todos ganhamos e nĂ£o um ou outro por conta de ser ou nĂ£o eleito”, disse.
“Os guardiões da Zona Franca”
Em seu discurso, Omar Aziz disse que considera injustas crĂticas que lĂª por meio da mĂdia de que a bancada do Amazonas nĂ£o atua de forma eficiente na defesa dos interesses da Zona Franca. O senador disse que a bancada trabalha bem e que “nĂ£o Ă© de hoje”.
Omar comparou a quantidade de parlamentares que compõem a bancada do Amazonas a dos demais estados. E chamou os deputados e senadores do Amazonas de “guardiões” da Zona Franca.
Wilson PĂ©rico, que jĂ¡ fez crĂticas mais duras sobre a bancada em outras ocasiões registradas pela mĂdia local, deixou o auditĂ³rio da Fieam antes do evento encerrar.
Lei de convalidaĂ§Ă£o e Amazonino
Omar tambĂ©m demonstrou irritaĂ§Ă£o ao falar sobre a lei de convalidaĂ§Ă£o. Disse que a Lei Complementar Nº. 160 foi boa para o Amazonas porque acabou com os sobressaltos, deixou a regra clara e que quem a critica nĂ£o entende nada do modelo ou quer posar de “salvador da pĂ¡tria” e fazer firula.
A nova legislaĂ§Ă£o, decretada no ano passado pelo presidente Michel Temer, perdoa as incentivos fiscais do Imposto sobre CirculaĂ§Ă£o de Mercadorias e Serviços (ICMS) irregulares concedidos nos Ăºltimos anos e libera os Estados a continuarem a manter estes benefĂcios por mais 15 anos, sem precisarem da aprovaĂ§Ă£o no Confaz.
Pela lei, apenas o Amazonas poderia conceder o benefĂcio. Mas, na prĂ¡tica, todos faziam.
O governador do Estado do Amazonas, Amazonino Mendes, entrou com uma aĂ§Ă£o direta de inconstitucionalidade para contestar a lei no Supremo Tribunal Federal (STF) este ano. A medida, na ocasiĂ£o, foi criticada pelo deputado Pauderney Avelino. O deputado federal disse que o governador se vangloriava de uma aĂ§Ă£o inĂ³cua e questionou os gastos com escritĂ³rio jurĂdico.
O assunto tinha virado peça publicitĂ¡ria ainda na campanha, quando Amazonino contava com o apoio de Omar e de Pauderney Avelino.
Foto: BNC AMAZONAS
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