Grandes legendas perdem força e nanicos se fortalecem na Câmara

Publicado em: 10/04/2018 às 08:07 | Atualizado em: 10/04/2018 às 08:07
Como previsto desde o início da janela para políticos trocarem de partido, as grandes siglas fecharam o período no último sábado com saldo negativo no Congresso Nacional, principalmente na Câmara dos Deputados, cedendo terreno para os nanicos. Além de atraírem poucos parlamentares para seus quadros, PSDB, PT e MDB foram os que mais perderam afiliados.
Pelas contas da Câmara até sexta, dia 7, 80 deputados trocaram de legenda sem o risco de perder o mandato por infidelidade partidária.
O PP, que no Amazonas é comandado pela família Garcia, da ex-deputada Rebecca, aliada do governador Amazonino Mendes (PDT) na fase de pré-candidatura à reeleição, tomou o lugar de PSDB e MDB e passou a ter a segunda maior bancada na casa, com 54 membros. No início da legislatura tinha 38.
Não há previsão de o PP lançar candidato à Presidência da República.
Já o DEM, do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ), e que tem no deputado Pauderney Avelino sua maior expressão no Amazonas, experimentou uma explosão significativa de novos filiados.
Em 2015 tinha 21 deputados e agora mais que dobrou: tem 44. Superou até a expectativa do presidenciável democrata, de fechar a janela com 42 filiados na casa, conforme dizia à Folha de S.Paulo no último dia 4.
Uma dessas filiações fugiu um pouco do caminho normal, como publicou O Globo. O deputado pernambucano Fernando Bezerra Coelho Filho era do PSB antes da janela partidária, quando comandava o Ministério de Minas e Energia do governo Temer.
Aberta a janela, Coelho Filho entrou, para o MDB do presidente da República. Ficou só por duas semanas. Antes da janela fechar, se acomodou no DEM.
No prejuízo
O MDB, que no Amazonas está sob a batuta do senador Eduardo Braga, concorrente a reeleição ao Senado, é o campeão de dissidências. O partido que chegou a ter uma bancada de 65 deputados, ficou com 53 e um saldo de 12 baixas, a maioria para os nanicos.
Sua situação é emblemática se considerado que é o partido do presidente da República, Michel Temer, provável candidato à reeleição, mas com seus principais quadros envolvidos em denúncias de corrupção e outros crimes.
Ainda sofreu uma baixa importante no Senado no último dia 3, com a saída do paraibano Raimundo Lira, líder do partido, para o PSD. Como compensação, filiou o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles.
O PSDB do pré-candidato tucano a presidente do Brasil, Geraldo Alckmin, também encolheu. Perdeu oito deputados e ficou com 46 integrantes. Por influência direta do prefeito de Manaus, Arthur Neto, conseguiu amenizar o prejuízo com a filiação da deputada Conceição Sampaio, que deixou o PP, e fez voltar à Câmara o deputado Arthur Bisneto, ex-chefe da Casa Civil da prefeitura da capital.
Petistas ainda lideram
O PT, do agora preso ex-presidente da República Lula da Silva, continua com a maior representação apesar de ter perder de 12 deputados.
Tinha 69 membros e ficou com 57 parlamentares para apoiar o sonho petista de voltar ao Palácio do Planalto.
Fator Bolsonaro
Os nanicos se destacaram nessa janela. O PSL explodiu com a chegada de Jair Bolsonaro (RJ), mas não alcançou as expectativas do presidenciável de chegar a 12 deputados. Ficou com sete.
Já o Podemos, do vice-presidente da Assembleia Legislativa do Amazonas (ALE-AM), Abdala Fraxe sai do troca-troca festejando. O ex-PTN saltou de quatro para 18 deputados. É outro entre os nanicos que deve lançar candidato a presidente do país, o senador Álvaro Dias.
Cacicado local
Quanto ao PR de Alfredo Nascimento (AM), ganhou sete deputados e ficou com a sexta maior bancada da Câmara, com 41 parlamentares.
Amargou baixa o PSB dos deputados estaduais Serafim Corrêa e David Almeida, este pré-candidato a governador do Amazonas nas eleições deste ano. Seu saldo negativo é de nove membros, caindo de 34 para 25.
Já o PSD, do senador Omar Aziz (AM), aumentou sua bancada com quatro novos filiados. Ficou sem Átila Lins, que pulou para o PP de Rebecca Garcia. O partido marcou um ponto também no Senado, tirando Benedito Lira (PB) do MDB.
O PDT, do presidenciável Ciro Gomes (CE) e do governador Amazonino Mendes (AM), ficou no 0 a 0: atraiu um nome e perdeu outro. Segue com bancada de 20 membros.
Questão de fundo
A migração para partidos menores é um fato atribuído ao fundo partidário, porque nesses o acesso a recursos para as campanhas é melhor do que nas grandes legendas. A partilha da verba pública é mais generosa.
Como o tamanho das bancadas não é critério para a divisão do fundo entre os partidos, a proibição de doações privadas e o teto de financiamento de campanhas em R$ 2,5 milhões, muitos foram atraídos pela promessa de contar com esse valor para a reeleição.
Por esse critério, quem disputa a reeleição leva vantagem sobre o que está tentando se eleger. Sem contar que quem já tem mandato é visto pelos partidos como em melhores condições de conseguir votos para seus candidatos a presidente e a governador.
Leia matéria completa de O Globo.
Ilustração: Reprodução/site A CríticaNews