Wilson Miranda Lima! O fenĂ´meno Ă© reeleito
O governador do Amazonas recebeu 56,8% votos contra 43,!% de Eduardo Braga (MDB).

Publicado em: 30/10/2022 Ă s 18:23 | Atualizado em: 30/10/2022 Ă s 18:28
Aos 46 anos de idade, o jornalista Wilson Miranda Lima (UniĂ£o Brasil) foi reeleito neste domingo, 30 de outubro, governador do Amazonas.
Ă€s 18h15, com 95,45% dos votos computados e matematicamente reeleito, Wilson computava 1.002.064 votos contra 760.372 votos de Eduardo Braga (MDB).
AtĂ© esse momento da apuraĂ§Ă£o, Wilson tinha 56,86% e Braga, 43,14%.
A notĂcia da reeleiĂ§Ă£o de Wilson poderia ser tratada apenas na objetividade dos fatos imediatos.
Contudo, a meteĂ³rica ascensĂ£o do governador ao topo do poder, no Amazonas, possui elementos para considerĂ¡-lo um fenĂ´meno na histĂ³ria polĂtica do Estado.
Wilson nĂ£o era do clube que governava o Amazonas por mais de 30 anos.
Chegou a Manaus, vindo de SantarĂ©m (PA), para fazer o caminho que muito dos seus conterrĂ¢neos fizeram. E curiosamente iniciou o percurso em 2006, auge do poder de Braga.
Para começar, o governador derrotou todos seus antecessores que tentaram voltar ao cargo: Amazonino Mendes, Omar Aziz e David Almeida, em 2018. Em 2022, foi a vez de Eduardo Braga (MDB).
Os dois principais embates foram com Amazonino em 2018 e 2022 e com Braga, em 2022. Os dois caciques com mais de 30 anos de poder foram derrotados em dois turnos.
Leia mais
Wilson Lima Ă© reeleito com 60% dos votos, diz boca de urna
2018/2022
A eleiĂ§Ă£o de 2018 revelou Wilson Lima como um fenĂ´meno eleitoral. Ele era o improvĂ¡vel. Nunca havia disputado, sequer, uma eleiĂ§Ă£o, muito menos ocupado algum cargo de gestĂ£o pĂºblica.
Eleito governador, mal conhecia as lideranças polĂticas do interior.
Mas, o que aconteceu em 2022, revela que 2018 foi apenas o inĂcio do fenĂ´meno que se manifesta por completo este ano.
Pode-se fazer a abordagem por aĂ, porque, naquela eleiĂ§Ă£o, Wilson surgiu na onda do novo, da mudança. E assim foi eleito, como a novidade e contra a velha polĂtica.
Para a eleiĂ§Ă£o 2022, Wilson precisou conviver com todas as nuances de uma candidatura e com o desgaste do mandato.
Nos Ăºltimos quatro anos, o governador enfrentou todas as adversidades possĂveis e a irresignaĂ§Ă£o do derrotado status quo, nascido no Amazonas com Gilberto Mestrinho em 1982.
Nos dois primeiros anos de seu governo, enfrentou um Legislativo hostil, uma oposiĂ§Ă£o raivosa e dois processos de impeachment.
Para formar a tempestade perfeita, Wilson encarou uma crise sanitĂ¡ria sem precedentes no mundo: a pandemia da covid-19.
Também enfrentou um vice que se afastou do governo, atirando e ainda passou por operações policiais e processo no STJ.

Nas cinzas
Passados os dois primeiros anos de crise, nos quais Wilson Lima foi reduzido às cinzas, agora, delas renasce como fénix.
No inĂcio de 2021, a popularidade de Wilson havia atingido o polo contrĂ¡rio da aceitaĂ§Ă£o popular que possuĂa quando apresentava o AlĂ´ Amazonas.
Seu governo, atingia nĂveis crĂticos de aprovaĂ§Ă£o. Nove em cada dez amazonenses o reprovavam como governador.
Pesquisas de intenĂ§Ă£o de votos do perĂodo, feitas para consumo interno, mostravam que, se houvesse eleiĂ§Ă£o, ele poderia nĂ£o receber 5% da preferĂªncia.
Reviravolta
Com seu vice fora, Wilson assumiu plenamente o governo, que tentou dividir com Carlos Almeida.
Assim, apaziguou a relaĂ§Ă£o com o Legislativo. Mais que isso: a maioria dos 24 deputados, que nĂ£o conseguia amealhar, transformou-se em maioria qualificada.
Foco
Disciplinado, Wilson focou no governo, reduzindo sua agenda de gabinete e aumentando sua presença nas ruas, principalmente no interior.
PolĂtica
AlĂ©m disso, politicamente, fez o dever de casa, aquilo que seus adversĂ¡rios quando estavam no poder sempre fizeram: fortaleceu seu arco de alianças e deixou minguado o espaço polĂtico para seus adversĂ¡rios.
Amazonino Mendes, por exemplo, quase fica sem partido. Braga nĂ£o conseguiu nem formar chapa forte de deputado federal.
Hoje, o resultado das urnas mostra que o pouco tempo de poder lhe amadureceu, sem, contudo, lhe tirar a simplicidade e a humildade que lhe garantiram o retorno ao cargo.

Fotos: Alex Pazuello e Diego Peres