Supercaciques da política e a lição por subestimar Wilson Lima

Nesta eleição, o novato na política se movimenta como um veterano e impõe dificuldades a Amazonino Mendes, Eduardo Braga e Arthur Neto

Supercaciques - lição Wilson LIma

Por Neuton Corrêa, do BNC Amazonas

Publicado em: 20/03/2022 às 12:41 | Atualizado em: 21/03/2022 às 10:10

Novato na política, o governador do Amazonas, Wilson Lima (União Brasil), impõe vexame e lição aos velhos supercaciques, deixando-os com parcos aliados e sem os grandes partidos nas eleições 2022.

Amazonino Mendes (sem partido), 82 anos, quatro vezes governador, quatro vezes prefeito da capital, uma vez senador.

Eduardo Braga (MDB), 61 anos, vereador, deputado estadual, deputado federal, prefeito da capital, duas vezes governador, hoje senador.

Arthur Virgílio Neto, 76 anos, prefeito de Manaus três vezes, deputado federal, senador.

Os três formam o quadro de políticos que ocupou os cargos mais importantes do Amazonas por mais tempo. E que estão em atividade política.

São 40 anos do vigor dos poderes que tiveram, em que deram as cartas do jogo político no estado.

Mas, neste ano, foram surpreendidos por um adversário que há pouco mais de quatro anos sequer era filiado a um partido.

Wilson Lima, de 45 anos, quase quatro décadas mais jovem que Amazonino, Arthur e Braga, de origem pobre, primeiro mandato público, prega-lhes uma peça, no mínimo, constrangedora.

Deixou os três sem jogadores e quase sem partidos para a disputa eleitoral.

Leia mais

Portas abertas a Lima no Progressistas, PL e União Brasil

Sem partido

Amazonino, por exemplo, tentou entrar no União Brasil, hoje o maior partido do país, nascido da fusão de DEM e PSL. Lima se articulou com eficiência e ficou com a legenda.

Agora, o ex-governador tenta entrar no PSDB. O principal nome do partido, o senador Plínio Valério, já disse que isso não vai acontecer.

Sem liderança

No centro dessa disputa está Arthur, mas desautorizado por Valério, que se elegeu saído de sua base política.

O ex-prefeito e presidente estadual do PSDB anunciou que Amazonino seria o candidato a governador do PSDB. Valério, contudo, não só disse não como desafiou Arthur de que ele, sim, será o nome do partido a esse cargo.

Portanto, depois que o senador disse não a Amazonino, assim está.

Sem aliados

Braga, por sua vez, que já teve uma constelação de partidos e lideranças políticas em sua órbita, para esta eleição ainda não conseguiu formar sequer a chapa de deputado federal, por exemplo.

Assim como a chapa de deputado estadual, uma incógnita até este momento.

Como resultado, Braga tem apenas o seu MDB para sua pretensão de ser governador de novo.

Leia mais

Lima supera Braga e já é segundo na corrida pela reeleição

Frente ampla

Dessa forma, o caçula no comando da máquina estadual colocou os velhos caciques no bolso. Além de ficar com o partido do presidente da República, o PL, Lima ficou também com o Progressistas, o PP do presidente da Câmara dos Deputados e do ministro-chefe da Casa Civil do governo.

Além disso, está na iminência de anunciar a conquista do Republicanos, das igrejas Universal e Assembleia de Deus.

Defendendo-se com ataques silenciosos, Lima surpreende. Ele faz tudo aquilo que Amazonino, Arthur e Braga, portanto, fariam se estivessem pilotando a máquina.

Eles só não esperavam, no entanto, que o neopolítico aprendesse tão rápido a fazer “o dever de casa”. E aplicasse uma lição histórica aos agora ex-supercaciques da política amazonense.

Ilustração de Alex Fidelix/BNC Amazonas