Sem time, Braga fica cada vez mais fora do jogo

Onze anos após deixar o governo com alta popularidade, senador agora se desmancha no ar

PT do Senado dá troco em Braga e senador se queixa

Neuton Corrêa, do BNC AMAZONAS

Publicado em: 14/03/2022 às 06:50 | Atualizado em: 14/03/2022 às 10:46

Em abril de 2010, o hoje senador Eduardo Braga deixava o Governo do Amazonas com a certeza de que continuaria mandando no Estado, mesmo sem o poder constituído. 

Mas sua saída do cargo seria apenas o começo de seu declínio político.

2010

Naquele começo de abril, Braga tinha tanta certeza de que continuaria tomando as decisões mais importantes do Amazonas que externou isso ao seu ex-vice, o hoje senador Omar Aziz (PSD).

Falou, então, ao já governador que ele (Braga) só tomaria a decisão sobre o seu candidato a governador daquela eleição (2010) depois que retornasse de suas férias no exterior.

No entanto, Braga, ali, começaria a experimentar o castigo do pecado da desmedida.

Na noite em que passou o cargo para Omar, Braga tentou submetê-lo a constrangimento público como ato final de sua demonstração de força.

Na ocasião, quebrou todos os protocolos possíveis, fez Omar entrar no Palácio Rio Negro pelos fundos e não lhe passou a faixa de governador como estava previsto. 

Omar, porém, seria apenas o primeiro a romper com o poder truculento do antecessor.

Omar não esperou Braga voltar das férias. Com um mês no cargo, ele trocou de partido, agregou um caudaloso grupo político, reuniu a maioria dos prefeitos em um grande evento que seria o lançamento de sua candidatura à reeleição, como quem dissesse “o governador agora sou eu”.

2012

Dois anos depois (2012), Braga derrubaria a candidatura de sua aliada Rebecca Garcia a prefeita de Manaus. Detalhes ainda desconhecidos publicamente, lançados no jogo pelo ex-governador aos 45 minutos do segundo tempo das convenções daquela eleição, fizeram Rebecca declinar de suas pretenções em favor de Vanessa Grazziotin (PCdoB).

2014

Dois anos depois, o senador experimentaria outra grande derrota. José Melo, seu ex-braço direito, indicado dele a vice de Omar em 2010, contrariando Eduardo se lançou candidato a governador e venceu o pleito. Braga foi derrotado no confronto direto com o ex-auxiliar.

Irresignado, Eduardo Braga foi à justiça e derrubou Melo. Isso foi em 2017.

2017

Nesse ano, Braga viria sofrer sua quarta derrota consecutiva ao se lançar candidato a governador-tampão perdendo a eleição para o então aposentado Amazonino Mendes.

2018

Em 2018, com extrema dificuldade, conseguiu se reeleger senador da República, mas não conseguiu retomar o Governo do Estado pela via transversa ao apoiar Amazonino. Foi derrotado pelo neófito político Wilson Lima.

2020

Seu derretimento político viria a ficar ainda mais ressaltado na eleição seguinte quando em 2020 o seu todo poderoso MDB não conseguiu eleger, em Manaus, nenhum um vereador. Ao contrário, perdeu a única vaga que tinha e que pertencia ao ex-deputado federal Gedeao Amorim. 

Nesses 11 anos passados, Eduardo Braga colecionou perdas de aliados e quase nada de novas conquistas. Hoje, para as eleições de 2022, está pré-candidato a governador, mas não conseguiu reuniu jogadores para entrar em campo.

Neste momento, vê-se obrigado a ter que se juntar a Arthur Neto e Amazonino Mendes, que já lhe chamam para formar time de veteranos.