Moraes faz discurso que constrange Bolsonaro e arranca longos aplausos
"A cerimônia de hoje representa o respeito pelas instituições como único caminho de fortalecimento da República", diz Moraes

Da Redação do BNC Amazonas
Publicado em: 16/08/2022 às 21:29 | Atualizado em: 17/08/2022 às 06:03
Depois de nominar os 22 governadores presentes à cerimônia, entre eles o do Amazonas, Wilson Lima (União Brasil), de citar prefeitos e os chefes do Executivo (Jair Bolsonaro), do Legislativo (Rodrigo Pacheco e Arthur Lira) e do Judiciário (Luiz Fux), o novo presidente do TSE, Alexandre de Moraes, falou o que a plateia esperava, na defesa da democracia, das instituições e do voto eletrônico. Isso porque foi longamente aplaudido, no clímax da sua posse no cargo.
“A cerimônia de hoje representa o respeito pelas instituições como único caminho de crescimento e fortalecimento da República. E a força da democracia como único regime político onde todo poder emana do povo e deve ser exercido pelo bem do povo”.
E prosseguiu, citando que o país terá 156,4 milhões de eleitores neste ano, colocando o Brasil entre as quatro maiores democracias do mundo.
“Mas, somos a única democracia do mundo que apura e divulga os resultados eleitorais no mesmo dia, com agilidade, segurança, competência e transparência. Isso é motivo de orgulho nacional”.
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Saias justas
Na primeira fila da plateia, os ministros André Mendonça e Kássio Marques aplaudiram Moraes. De forma contida. Porém, os demais presentes não economizaram nas palmas ao que discursava.
Bolsonaro, na mesa principal do evento, ficou de cara amarrada enquanto Moraes falava. Estava visivelmente constrangido e desconfortável. Não fez sequer gesto protocolar de aplaudir o palestrante.
E ficou mais ainda porque o novo presidente da Justiça eleitoral passou a reafirmar como vai tocar o comando das eleições. Falou, por exemplo, do exército de juízes, promotores, mesários e todos que estarão atuando pela segurança da votação. Destacou, para isso, o trabalho dos TRE (tribunais regionais).
“A Justiça eleitoral não poderia comemorar melhor, e de uma maneira mais honrosa, seus noventa anos de instalação”. Enfatizou esse aspecto para afirmar que o evento era avalizado, além dos chefes dos três poderes, pelos ex-presidentes da República, como Lula da Silva e Dilma Rousseff (PT) e José Sarney (MDB), governadores e prefeitos.
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Voto impresso é nefasto
Sobre o voto impresso, tão defendido por Bolsonaro, Moraes fez referência, sem tergiversar, citando exemplo de como era a “captura da vontade soberana” do eleitor, “desvirtuando os votos que eram colocados nas urnas”. Ele, no início da carreira, foi promotor eleitoral no interior de São Paulo.
“A Justiça eleitoral, com coragem, com competência, com transparência, simplesmente encerrou essa nefasta fase da democracia brasileira”.
Como conclusão do seu recado, o ministro não poderia ter sido mais claro para os que insistem em ideias que contrariam o sistema eleitoral:
“A vocação para combater aqueles que são contrários aos ideais constitucionais e aos valores republicanos de respeito à soberania popular permanece na Justiça eleitoral e neste tribunal superior”.
De acordo com Moraes, o pensamento é continuar avançando na modernização do sistema eleitoral, principalmente das urnas eletrônicas. Por exemplo, citou a biometria.
“O aperfeiçoamento foi, é e continuará sendo constante, sempre, absolutamente sempre, para garantir total segurança e transparência ao eleitorado”.
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Números de 2018 como exemplo
E para fechar com argumento irrefutável, Moraes apresentou números. Por coincidência ou não, buscou os dados da eleição de 2018. Segundo ele, foram 180 milhões de votos dos brasileiros nas urnas eletrônicas para eleger o atual presidente da República e os 22 governadores que foram prestigiar aquele que vai comandar as eleições 2022.
Foto: reprodução/TV Justiça