Federações partidĂ¡rias salvam siglas ameaçadas de extinĂ§Ă£o
Novo instrumento dĂ¡ fĂ´lego aos pequenos partidos para vencer a clĂ¡usula de barreira que define critĂ©rios para o acesso aos fundos partidĂ¡rio e eleitoral e ao tempo de propaganda

Publicado em: 06/06/2022 Ă s 13:21 | Atualizado em: 06/06/2022 Ă s 13:21
Estreantes na cena polĂtica, as federações partidĂ¡rias vĂ£o servir para salvar legendas ameaçadas de extinĂ§Ă£o pela clĂ¡usula de barreira. Para a disputa eleitoral de outubro, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) homologou trĂªs dessas uniões, que precisam durar no mĂnimo quatro anos.
A primeira Ă© formada pelo PT, PCdoB e PV e a segunda uniu PSOL e Rede, partidos que apoiam a prĂ©-candidatura do ex-presidente Luiz InĂ¡cio Lula da Silva (PT) ao PalĂ¡cio do Planalto.
A terceira federaĂ§Ă£o Ă© resultado da junĂ§Ă£o do PSDB com o Cidadania, que devem fechar acordo com a senadora Simone Tebet (MDB-MS).
Aprovado no ano passado pelo Congresso Nacional e com prazo de registro encerrado na terça-feira passada, o novo instrumento dĂ¡ fĂ´lego aos pequenos partidos para vencer a clĂ¡usula de barreira, instituĂda na reforma polĂtica de 2017 com o objetivo de definir critĂ©rios para o acesso aos fundos partidĂ¡rio e eleitoral e ao tempo de propaganda.
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Sem dinheiro dos fundos, as legendas tĂªm o funcionamento comprometido, ficam sem direito Ă propaganda e correm risco de extinĂ§Ă£o. Neste ano, a exigĂªncia Ă© que os partidos elejam ao menos 11 deputados federais distribuĂdos em nove unidades da FederaĂ§Ă£o. Seria um resultado difĂcil para bancadas de cinco siglas – PSOL, Rede, Cidadania, PCdoB e PV -, se nĂ£o tivessem formado alianças.
“Partidos que se aliam nacionalmente terĂ£o os votos computados em conjunto para fins de cumprimento da clĂ¡usula de desempenho”, afirmou o analista polĂtico Bruno Carazza, professor da FundaĂ§Ă£o Dom Cabral. “A uniĂ£o em federaĂ§Ă£o auxilia os partidos que nĂ£o atingiram a clĂ¡usula de barreira a sobreviver por meio da junĂ§Ă£o de recursos”, disse a advogada eleitoral Marina Morais, integrante da Academia Brasileira de Direito Eleitoral e PolĂtico (Abradep).
Decisões
Na prĂ¡tica, quem forma uma federaĂ§Ă£o precisa tomar as mesmas decisões nas eleições nacionais, estaduais e municipais.
Apesar das identidades ideolĂ³gicas, os partidos tiveram de se ajustar em alianças regionais. Em alguns casos, a federaĂ§Ă£o provocou atĂ© debandadas.
O Cidadania, por exemplo, perdeu o governador da ParaĂba, JoĂ£o Azevedo, adversĂ¡rio do PSDB. Ele preferiu se filiar ao PSB. JĂ¡ a senadora Leila Barros saiu do PSB e migrou para o PDT.
Pré-candidata ao governo do Distrito Federal, Leila deve concorrer contra o senador Izalci Lucas (PSDB). No PSOL, mais de cem integrantes se desfiliaram.
Na federaĂ§Ă£o formada por PT, PV e PCdoB tambĂ©m houve contratempos. Inicialmente, a ideia era incluir o PSB no grupo, mas a legenda nĂ£o conseguiu superar diferenças com o PT.
Apesar de ter indicado o ex-governador Geraldo Alckmin como vice na chapa de Lula, o PSB nĂ£o fechou acordo com o PT em SĂ£o Paulo, Rio Grande do Sul e EspĂrito Santo.
O deputado Orlando Silva (SP) disse que o PCdoB defende o modelo de federaĂ§Ă£o hĂ¡ pelo menos 30 anos. “A clĂ¡usula de barreira Ă© um mecanismo antidemocrĂ¡tico. Vem destruir partidos, (prejudicar) a atividade parlamentar”, observou Silva. Atualmente, o PCdoB tem apenas oito deputados.
AlĂ©m de suavizar as exigĂªncias da clĂ¡usula de desempenho, as federações tambĂ©m servem como substitutas das coligações, que permitiam uma aliança entre os partidos, mas nĂ£o obrigavam a continuidade da uniĂ£o apĂ³s o resultado das disputas eleitorais.
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Foto: divulgaĂ§Ă£o