Combate ao desmatamento mostra resultados na AmazĂ´nia
Neste artigo, o autor aponta para o acerto da intensificaĂ§Ă£o das ações de fiscalizaĂ§Ă£o e das estratĂ©gias adotadas

Por Marcellus Campelo*
Publicado em: 18/01/2024 Ă s 09:46 | Atualizado em: 18/01/2024 Ă s 09:46
O ano de 2024 começou com boas notĂcias na Ă¡rea ambiental, pelo menos para a AmazĂ´nia, onde o esforço em conter o desmatamento, pelos Ă³rgĂ£os federais e estaduais, vem dando resultado. Dados divulgados recentemente pelo Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (Inpe), com o levamento consolidado de 2023, apontam nessa direĂ§Ă£o, ao atestarem que o desmatamento caiu pela metade na regiĂ£o.
Os dados sĂ£o da plataforma Deter, que mapeia evidĂªncias de alteraĂ§Ă£o da cobertura florestal da AmazĂ´nia. O sistema fornece informações diĂ¡rias e um compilado mensal, que dĂ£o suporte Ă s ações de fiscalizaĂ§Ă£o ambiental no paĂs.
O levantamento do acumulado de alertas de desmatamento feito pelo Deter indicou uma reduĂ§Ă£o de 50% no ano passado, em relaĂ§Ă£o a 2022, quando a AmazĂ´nia perdeu 10.278 km² de floresta. Nas unidades de conservaĂ§Ă£o, a queda foi de quase 50% tambĂ©m e em terras indĂgenas chegou a 70%.
Os alertas de desmatamento, em 2023, alcançaram uma Ă¡rea de 5.153 km², o que ainda Ă© extremamente preocupante, porque o ideal, Ă© claro, Ă© que o problema nĂ£o exista. Entretanto, a reduĂ§Ă£o impactante aponta para o acerto da intensificaĂ§Ă£o das ações de fiscalizaĂ§Ă£o e das estratĂ©gias adotadas, dentre elas, a restriĂ§Ă£o de acesso a crĂ©dito aos que desmatam ilegalmente.
No caso do Amazonas, a reduĂ§Ă£o nos alertas foi de 65% e de 7,6% nos focos de calor, em comparaĂ§Ă£o com 2022. Um resultado considerado satisfatĂ³rio, levando-se em conta a forte estiagem de 2023, a maior em 121 anos, e os efeitos do fenĂ´meno El Niño, provocando a intensificaĂ§Ă£o da seca e a propagaĂ§Ă£o de incĂªndios florestais, em especial na RegiĂ£o Metropolitana de Manaus.
As consequĂªncias sĂ³ nĂ£o foram mais devastadoras, porque o governador Wilson Lima colocou todos os Ă³rgĂ£os do estado em alerta e atuando em sintonia para enfrentar a crise ambiental. O trabalho teve Ă frente a Secretaria de Meio Ambiente (Sema) e o Instituto de ProteĂ§Ă£o Ambiental do Amazonas (Ipaam), em sinergia com o governo federal, prefeituras e Forças Armadas.
Para se ter uma ideia dos resultados alcançados, em 2022 foram 2.570,06 km² de Ă¡rea desmatada no estado, contra 894,62 km² em 2023. De janeiro a dezembro de 2022 foram detectados 21.217 focos de calor, contra 19.604 no ano passado.
Os alertas de desmatamento no estado, na sua grande maioria, ficaram concentrados em Ă¡reas federais – total de 650,14 km², representando 73% –, assim como dos focos de calor – 11.603 (59,19%). Nos vazios cartogrĂ¡ficos ocorreram 156,06 km² de desmatamento e 4.889 focos de calor. Nas Ă¡reas do estado foram registrados alertas em 84,44 km² (9,49%) e 3.112 focos de calor (15,87%).
Para ser efetivo e manter os Ăndices em reduĂ§Ă£o, o combate ao desmatamento, como jĂ¡ estĂ¡ acontecendo, deve envolver governos federal e estaduais, prefeituras e a sociedade civil. SĂ³ assim serĂ¡ possĂvel chegar a 2030, quando o Brasil serĂ¡ sede da COP, cumprindo o compromisso firmado de zerar o desmatamento, que hoje Ă© a principal fonte de emissões de gases de efeito estufa no paĂs.
CombatĂª-lo, portanto, Ă© uma prioridade para que possamos enfrentar as mudanças climĂ¡ticas e garantir, Ă s prĂ³ximas gerações, um futuro mais promissor.
*O autor Ă© engenheiro civil, especialista em saneamento bĂ¡sico; exerce, atualmente, o cargo de secretĂ¡rio da Unidade Gestora de Projetos Especiais – UGPE.
Foto: divulgaĂ§Ă£o