Quem herdarĂ¡ fortuna de R$ 11 bi do ‘homem dos bitcoins’ afogado?
Mircea Popescu, um dos maiores proprietĂ¡rios de bitcoins do mundo, morreu aos 41 anos enquanto nadava em uma regiĂ£o imprĂ³pria para banhistas na Costa Rica, em 23 de junho.

Publicado em: 16/07/2021 Ă s 12:21 | Atualizado em: 16/07/2021 Ă s 12:21
Preso em uma correnteza, o romeno Mircea Popescu mal teve tempo de pedir socorro: em poucos segundos, morreu afogado, levando consigo um segredo: as chaves para acessar uma fortuna estimada em US$ 2 bilhões (cerca de R$ 11 bilhões) em criptomoedas que, agora, pode ficar num limbo para sempre.
Popescu, um dos maiores proprietĂ¡rios de bitcoins do mundo, morreu aos 41 anos enquanto nadava em uma regiĂ£o imprĂ³pria para banhistas na Costa Rica, em 23 de junho.
Segundo autoridades locais, ele foi arrastado por uma correnteza e morreu praticamente na hora na regiĂ£o de Playa Hermosa, no noroeste do paĂs.
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O corpo dele foi identificado pouco depois. “Uma mulher americana que o acompanhava estava no local e foi quem identificou Popescu. Ela disse que era a companheira dele”, afirmou o Ă“rgĂ£o de InvestigaĂ§Ă£o Judicial Ă emissora Teletica.
Amado e odiado
Conhecido e respeitado no mundo das criptomoedas, Popescu ganhou fama de “mente brilhante” por, entre outros motivos, ter ajudado a dar forma ao livro “Bitcoin Standard”, considerado a obra mais importante para entender o papel da moeda digital na sociedade.
Ele foi tambĂ©m um “early adopter” (pioneiro) do bitcoin, abraçando e promovendo a tecnologia desde o inĂcio.
Ao noticiarem sua morte, muitas publicações especializadas o descreveram como provocador, dada a linguagem contundente que usava em seu blog Trilema, sem falar de suas opiniões e controversas.
Tudo isso lhe rendeu o apelido de pai da “toxicidade do Bitcoin” (em alusĂ£o Ă reputaĂ§Ă£o de que a comunidade de usuĂ¡rios da criptomoeda Ă© “tĂ³xica”).
Em sua conta no Twitter, que confirmou sua morte, ele se definia como um “filĂ³sofo do bitcoin” e partidĂ¡rio dos sistemas de cĂ³digo aberto.
“Para que qualquer parte de um governo discuta qualquer questĂ£o relacionada ao bitcoin, esse governo terĂ¡ que reconhecĂª-lo primeiro”, escreveu ele.
O que acontecerĂ¡ com a fortuna?
Mas se o espĂrito do bitcoin Ă© transferir valor atravĂ©s do tempo e do espaço, o bilionĂ¡rio nĂ£o terĂ¡ sido bem-sucedido.
Isso porque a grande questĂ£o que se coloca agora Ă© o que acontecerĂ¡ com seus bitcoins apĂ³s sua morte, e se alguĂ©m estĂ¡ autorizado a acessar seus ativos digitais, o que deixa toda sua fortuna no limbo por enquanto.
Se for descoberto que ninguém mais tem as chaves e senhas para acessar a carteira criptografada que contém os tokens, eles podem se perder para sempre.
E a quantia nĂ£o Ă© exatamente pequena. Estima-se que Popescu possuĂa atĂ© 1 milhĂ£o de bitcoins, o que o leva a ser considerado um gigante no universo criptogrĂ¡fico.
Se essa estimativa for verdadeira, o valor de sua fortuna poderia chegar a US$ 2 bilhões (R$ 10 bilhões) a preços de abril, quando o bitcoin atingiu o ponto mais alto ao quebrar a barreira de US$ 64 mil (R$ 325 mil). Atualmente, a cotaĂ§Ă£o da moeda digital Ă© quase a metade disso, cerca de US$ 32,5 mil (R$ 165 mil).
Se ele tivesse decidido vendĂª-los todos de uma vez, “isso teria um efeito grande o suficiente para mexer com o preço do bitcoin”, estimou a publicaĂ§Ă£o Nasdaq.com.
Algo, aliĂ¡s, que o prĂ³prio Popescu havia prometido caso o tamanho dos blocos de bitcoin mudasse, mas ele nĂ£o chegou a concretizar a promessa. Se tivesse feito isso, teria causado uma queda no preço da moeda digital.
Alexander Marder, analista de pesquisa da Crypto Briefing, afirmou no Twitter que as moedas digitais de Popescu podem ser perdidas para sempre, junto com as de John McAfee, o pioneiro do software antivĂrus, que se suicidou em uma prisĂ£o espanhola em junho passado.
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Foto: ReproduĂ§Ă£o