Ministro Dias Toffoli na mira da PF por suspeita de ganhos ilegais no TSE
Os casos de venda de decisĂ£o por magistrados sĂ£o enquadrados como crime de corrupĂ§Ă£o passiva

Publicado em: 11/05/2021 Ă s 18:25 | Atualizado em: 11/05/2021 Ă s 18:25
A PolĂcia Federal (PF) encaminhou ao Supremo Tribunal Federal (STF) um pedido de abertura de inquĂ©rito para investigar supostos repasses ilegais ao ministro Dias Toffoli.
O pedido tem como base o acordo de colaboraĂ§Ă£o premiada de SĂ©rgio Cabral.
Segundo informações obtidas pelo Painel, o ex-governador do Rio afirma que Toffoli recebeu R$ 4 milhões para favorecer dois prefeitos fluminenses em processos no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
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Toffoli foi ministro da corte de 2012 a 2016, tendo sido presidente de maio de 2014 a maio de 2016.
Os pagamentos, diz Cabral, teriam sido realizados nos anos de 2014 e 2015 e operacionalizados por Hudson Braga, ex-secretĂ¡rio de Obras do Rio de Janeiro.
Os repasses, na versĂ£o do delator, teriam envolvido o escritĂ³rio da mulher de Toffoli, a advogada Roberta Rangel.
O ministro diz nĂ£o ter conhecimento dos fatos mencionados e que jamais recebeu os supostos valores ilegais.
Essa Ă© a primeira vez que a PolĂcia Federal pede ao Supremo apuraĂ§Ă£o que envolve um ministro da prĂ³pria corte.
Os casos de venda de decisĂ£o por magistrados sĂ£o enquadrados como crime de corrupĂ§Ă£o passiva.
O pedido de investigaĂ§Ă£o faz parte de um novo pacote de inquĂ©ritos solicitados pela PF a partir da anĂ¡lise da delaĂ§Ă£o do ex-governador, condenado a mais de 300 anos de prisĂ£o.
O material foi enviado no fim da semana passada para o relator do caso, ministro Edson Fachin, que encaminhou para a PGR (Procuradoria-Geral da RepĂºblica) se manifestar.
Cabral fechou o acordo com a polĂcia apĂ³s negativa da PGR e dos procuradores que atuam no Rio de Janeiro.
A delaĂ§Ă£o foi homologada em fevereiro de 2020 por Fachin, que autorizou a abertura de diferentes inquĂ©ritos e encaminhou para o entĂ£o presidente, Dias Toffoli, com pedido de distribuiĂ§Ă£o. As investigações miravam ministros do STJ (Superior Tribunal de Justiça), do TCU (Tribunal de Contas da UniĂ£o) e polĂticos.
Ainda em 2020, Toffoli desconsiderou a decisĂ£o de Fachin pela abertura dos casos, pediu manifestaĂ§Ă£o de Augusto Aras e arquivou as investigações –trĂªs delas durante o recesso de julho e as outras pouco antes de deixar a PresidĂªncia, em setembro.
HĂ¡ um recurso pedindo reconsideraĂ§Ă£o dos arquivamentos nas mĂ£os da ministra Rosa Weber, vice-presidente do Supremo. Essa anĂ¡lise seria atribuiĂ§Ă£o do presidente Luiz Fux, que se declarou impedido de atuar nesses processos.
Na nova leva de inquĂ©ritos, assim como nos anteriores, a PF fez uma validaĂ§Ă£o prĂ©via das informações, com base em dados de fontes abertas, para checar se hĂ¡ possibilidade mĂnima para seguir a apuraĂ§Ă£o.
Esses relatĂ³rios de validaĂ§Ă£o tambĂ©m foram encaminhados ao STF junto aos depoimentos de Cabral.​
O ministro Dias Toffoli afirmou, por meio da assessoria, nĂ£o ter conhecimento dos fatos mencionados e disse que jamais recebeu os supostos valores ilegais.
Por meio da assessoria, o ministro refutou a possibilidade de ter atuado para favorecer qualquer pessoa no exercĂcio de suas funções.
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Foto:Â Carolina Antunes/PR