Vice-presidente da CĂ¢mara diz que impeachment de Bolsonaro nĂ£o “vinga”
Para ele, seria ruim para o Brasil discutir o afastamento do presidente em plena pandemia, processo que paralisaria a CĂ¢mara, de acordo com o deputado, por atĂ© um ano

Publicado em: 06/03/2021 Ă s 22:02 | Atualizado em: 08/03/2021 Ă s 18:09
Em seu terceiro ano de mandato federal, o deputado Marcelo Ramos (PL-AM) jĂ¡ ocupa um dos postos mais cobiçados pelos parlamentares: o de vice-presidente da CĂ¢mara.
Articulado e com bom trĂ¢nsito entre governistas e a oposiĂ§Ă£o, Ramos deverĂ¡ ter maior protagonismo no cargo do que seus antecessores.
Depois de conquistar cargos importantes na gestĂ£o de Rodrigo Maia (DEM-RJ), como a presidĂªncia das comissões especiais da reforma da PrevidĂªncia e da PEC da prisĂ£o em segunda instĂ¢ncia, ele surpreendeu colegas ao se lançar candidato pelo bloco de Arthur Lira (PP-AL), depois de ver frustradas suas pretensões de disputar o comando da Casa com o apoio do prĂ³prio Maia.
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HĂ¡ um mĂªs na vice-presidĂªncia da CĂ¢mara, Ramos diz que manterĂ¡ seu discurso crĂtico e independente em relaĂ§Ă£o ao governo Bolsonaro, mas reconhece que nĂ£o poderĂ¡ fazĂª-lo com a mesma contundĂªncia que fazia antes por causa da natureza do cargo que ocupa.
Em entrevista ao Congresso em Foco, o deputado amazonense, de 47 anos, sinaliza que, a exemplo do que ocorreu no mandato de Maia, dificilmente um eventual pedido de impeachment de Bolsonaro prosperarĂ¡ com a atual Mesa Diretora.
Para ele, seria ruim para o Brasil discutir o afastamento do presidente em plena pandemia, processo que paralisaria a CĂ¢mara, de acordo com o deputado, por atĂ© um ano.
Na avaliaĂ§Ă£o de Marcelo Ramos, o processo tambĂ©m nĂ£o frearia os discursos e as ações de Bolsonaro em relaĂ§Ă£o Ă disseminaĂ§Ă£o da doença e das mortes causadas pela covid-19.
“Todos que acompanham um processo de impeachment sabem que ele nĂ£o começa hoje e termina amanhĂ£. É longo, demora e paralisa o paĂs. Tudo o que o Brasil nĂ£o pode, neste momento, Ă© ser paralisado”, afirma.
“A oposiĂ§Ă£o e a crĂtica a Bolsonaro podem e devem ser feitas de maneira dura por quem acha que deve fazĂª-las, mas, sinceramente, nĂ£o acho que Ă© o momento de criar mais instabilidade institucional. Precisamos do mĂnimo de tranquilidade para enfrentar os efeitos sanitĂ¡rios, econĂ´micos e sociais da pandemia”, emenda.
Para ele, sĂ³ depois de superada essa etapa crĂtica Ă© que o paĂs terĂ¡ condições de discutir as responsabilidades pelo agravamento da tragĂ©dia que jĂ¡ levou a vida de mais de 260 mil brasileiros.
Na mesma entrevista, concedida na Ăºltima quinta-feira no gabinete da Vice-PresidĂªncia, Marcelo Ramos diz que nĂ£o hĂ¡ chance de a PEC Emergencial passar pela ComissĂ£o de ConstituiĂ§Ă£o e Justiça (PEC) e por uma comissĂ£o especial antes de ser analisada pelo plenĂ¡rio, como quer a oposiĂ§Ă£o.
O objetivo, segundo ele, Ă© aprovar na prĂ³xima semana o texto que abre caminho para a volta do auxĂlio emergencial da mesma forma que ele saiu do Senado.
O deputado tambĂ©m diz que acredita que a reforma administrativa serĂ¡ aprovada pelo Congresso ainda no primeiro semestre e que a tributĂ¡ria sairĂ¡ atĂ© o fim do ano.
Para ele, o diferencial de Lira em relaĂ§Ă£o a Maia Ă© que o alagoano terĂ¡Â melhor relacionamento com o ministro Paulo Guedes na comparaĂ§Ă£o com o seu antecessor.
“O pensamento econĂ´mico do Rodrigo Maia talvez tenha mais afinidade com o do Guedes do que o do prĂ³prio Arthur Lira, mas Lira tem mais boa vontade com Guedes”, ressalta.
“A tendĂªncia Ă© o ministro ter mais tranquilidade com suas pautas sob a presidĂªncia de Arthur Lira”, acrescenta.
Marcelo Ramos tambĂ©m promete que, embora a atual gestĂ£o da CĂ¢mara tenha recebido apoio em peso da bancada ruralista, nĂ£o haverĂ¡ retrocesso na pauta ambiental.
Segundo ele, o agronegĂ³cio brasileiro aprendeu que prĂ¡ticas danosas ao meio ambiente implicam prejuĂzo para os seus negĂ³cios, com a retaliaĂ§Ă£o econĂ´mica de outros paĂses.
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Foto: CĂ¢mara dos Deputados