Deputados querem cortar benefĂcios de juĂzes, procuradores e promotores
Segundo parlamentares, as emendas devem ser incorporadas ao texto pela pressĂ£o da sociedade Ă "blindagem" dessas categorias

Publicado em: 19/09/2020 Ă s 17:00 | Atualizado em: 19/09/2020 Ă s 15:20
O chamado alto escalĂ£o do funcionalismo pĂºblico estĂ¡ na mira de deputados dispostos a ampliar o5900 alcance da reforma administrativa.
A reforma prevĂª alterações na forma como os servidores pĂºblicos sĂ£o contratados, promovidos e demitidos.
Algumas das mudanças
Leia mais
Maioria da bancada AM Ă© a favor da reforma administrativa do governo
Mudanças como limitar as fĂ©rias de todos os agentes pĂºblicos a 30 dias por ano, inclusive para juĂzes, alĂ©m do fim de privilĂ©g00ios, como aposentadoria compulsĂ³ria como puniĂ§Ă£o para quem jĂ¡ estĂ¡ trabalhando, estĂ£o entre as emendas (sugestões de alterações do texto) que devem ser incluĂdas na tramitaĂ§Ă£o da Proposta de Emenda Ă ConstituiĂ§Ă£o (PEC).
As emendas propostas nĂ£o afetariam o atual alto escalaĂ§Ă£o dos outros Poderes.
VĂ£o valer para quem entrar no serviço publico a partir da eventual promulgaĂ§Ă£o da PEC, caso as emendas sejam incluĂdas.
Texto do governo foi criticado
Entregue hĂ¡ duas semanas, depois de muita espera, o texto do governo foi considerado tĂmido por alguns parlamentares.
Um dos motivos Ă© que juĂzes, promotores, procuradores, desembargadores, deputados e senadores ficaram de fora das mudanças propostas.
Como os novos membros do JudiciĂ¡rio e Legislativo nĂ£o serĂ£o atingidos, eles manterĂ£o benefĂcios que devem ser extintos para os futuros servidores.
Esse benefĂcios sĂ£o:
- férias superiores a 30 dias
- licença-prĂªmio (direito a trĂªs meses de licença para tratar de assuntos de interesse pessoal a cada cinco anos)
- adicionais por tempo de serviço.
Isso significa, por exemplo, que um juiz nĂ£o poderĂ¡ ser atingido, mas o servidor da Ă¡rea administrativa de um tribunal terĂ¡ de obedecer Ă s novas regras.
Maia defende inclusĂ£o de JudiciĂ¡rio e MP
O presidente da CĂ¢mara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirma que a apresentaĂ§Ă£o dessas emendas ao texto abre caminho para incluir o JudiciĂ¡rio e o MinistĂ©rio PĂºblico ao debate.
“Todos os Poderes estĂ£o com distorĂ§Ă£o e precisam se modernizar e Ă© preciso construir um caminho”, afirmou Maia.
Parlamentares
“Sou a favor tanto de ampliar para outras categorias como tambĂ©m para os atuais servidores. Principalmente na parte das vedações, nĂ£o tem porque os atuais e demais Poderes ficarem de fora”, disse o deputado Tiago Mitraud (Novo-MG), coordenador da Frente Parlamentar da Reforma Administrativa.
Segundo ele, as emendas devem ser incorporadas ao texto pela pressĂ£o da sociedade Ă “blindagem” dessas categorias.
Os parlamentares ficaram de fora da reforma administrativa porque sĂ£o cargos polĂticos eletivos, com duraĂ§Ă£o fixa (oito ano para senadores e quatro anos para deputados federais e estaduais e vereadores).
Propostas dos partidos
As emendas sugeridas pelo Podemos limitam os benefĂcios Ă s carreiras de Estado (que devem ser definidas em um segundo momento, mas incluem, por exemplo, auditores fiscais e membros do MinistĂ©rio PĂºblico).
O Novo vai apresentar cinco emendas para “preencher as lacunas deixadas no texto”.
AlĂ©m da inclusĂ£o de membros do JudiciĂ¡rio e do MinistĂ©rio PĂºblico, o partido quer que os servidores que jĂ¡ estĂ£o na ativa tambĂ©m passem a cumprir as novas regras, mantendo os “direitos adquiridos”.
TambĂ©m quer estipular o teto (hoje em R$ 39,2 mil) como o limite das remunerações, incluindo verbas indenizatĂ³rias e seleĂ§Ă£o para cargos de confiança e proibiĂ§Ă£o da venda de fĂ©rias.
Da base do governo, a deputada Caroline de Toni (PSL-SC) vai na mesma linha, para inclusĂ£o de polĂticos, juĂzes e membros do Tribunal de Contas da UniĂ£o e do MinistĂ©rio PĂºblico na reforma.
Em sua justificativa, afirma que essas categorias nĂ£o podem passar ao largo das novas regras:
“NĂ£o hĂ¡ elemento razoĂ¡vel para se supor que as categorias listadas estejam liberadas de dar sua cota de sacrifĂcio para que a mĂ¡quina administrativa seja mais eficiente e menos onerosa.”
Os deputados precisam ainda reunir 171 assinaturas para cada uma das emendas, para que os pedidos possam ser analisadas pelo relator da PEC.
A equipe econĂ´mica tem se defendido de nĂ£o ter incluĂdo membros de outros Poderes na reforma sob o argumento de que a ConstituiĂ§Ă£o nĂ£o permite ao Executivo propor nova regra para membros de outros Poderes.
Leia mais CNN Brasil
Foto: Najara AraĂºjo/CĂ¢mara dos Deputados