SecretĂ¡rio de DĂ³ria Ă© preso pela PF em operaĂ§Ă£o contra corrupĂ§Ă£o
Alexandre Baldy foi um dos alvos dos seis mandados de prisĂ£o temporĂ¡ria expedidos pela 7ª Vara Federal do Rio de Janeiro, comandada pelo juiz Marcelo Bretas

Publicado em: 06/08/2020 Ă s 07:59 | Atualizado em: 06/08/2020 Ă s 07:59
O secretĂ¡rio estadual de Transportes Metropolitanos de SĂ£o Paulo, Alexandre Baldy (PP), foi preso na manhĂ£ desta quinta-feira (06).
Ele foi um dos alvos dos seis mandados de prisĂ£o temporĂ¡ria expedidos pela 7ª Vara Federal do Rio de Janeiro, comandada pelo juiz Marcelo Bretas.
Segundo o MinistĂ©rio PĂºblico Federal (MPF), Baldy Ă© um dos investigados por um “esquema que apura pagamento de vantagens indevidas a organizaĂ§Ă£o criminosa que negociava e intermediava contratos em diversas Ă¡reas”.
Desdobramento da Lava Jato
A operaĂ§Ă£o, batizada de DardanĂ¡rios, Ă© um desdobramento de investigações da OperaĂ§Ă£o Lava Jato do Rio que apuram desvios na Ă¡rea da saĂºde.
Preso pela PolĂcia Federal (PF) em SĂ£o Paulo, Baldy Ă© secretĂ¡rio da gestĂ£o do governador JoĂ£o Doria (PSDB) desde o inĂcio do ano passado.
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Ele tambĂ©m foi ministro das Cidades durante o governo de Michel Temer (MDB) e deputado federal por GoiĂ¡s.
O UOL procurou o governo do estado e a secretaria comandada por Baldy, mas ainda nĂ£o obteve retorno.
Os agentes da PF tambĂ©m cumprem 11 mandados de busca e apreensĂ£o.
AlĂ©m de SĂ£o Paulo, hĂ¡ ordens judiciais sendo cumpridas em:
PetrĂ³polis (RJ)
SĂ£o JosĂ© do Rio Preto (SP)
GoiĂ¢nia
BrasĂlia
A duraĂ§Ă£o das prisões temporĂ¡rias Ă© de cinco dias, podendo ser prorrogada ou convertida em preventiva.
O esquema
A operaĂ§Ă£o foi baseada em uma colaboraĂ§Ă£o premiada de ex-diretores da OrganizaĂ§Ă£o Social PrĂ³-SaĂºde, que apontaram o pagamento de vantagens indevidas para agentes pĂºblicos que pudessem interceder em favor da organizaĂ§Ă£o.
SĂ£o investigados pagamentos do contrato de gestĂ£o do HURSO (Hospital de UrgĂªncia da RegiĂ£o Sudoeste), em GoiĂ¢nia, que foi administrado pela PrĂ³-SaĂºde entre 2010 e 2017.
Para possibilitar o pagamento de valores nĂ£o contabilizados, os gestores da OS Ă Ă©poca instituĂram esquema de geraĂ§Ă£o de “caixa 2” na sede da PrĂ³-SaĂºde, com o superfaturamento de contratos, custeados, em grande parte, pelos repasses feitos pelo Estado do Rio de Janeiro, os quais constituĂam cerca de 50% do faturamento nacional da organizaĂ§Ă£o social (que saltou de aproximadamente R$ 750 milhões em 2013, passando por R$ 1 bilhĂ£o em 2014 e chegando a R$ 1,5 bilhĂ£o em 2015).
“Com o sucesso da empreitada criminosa, os agentes prosseguiram intermediando os interesses dos ex-diretores da PrĂ³-SaĂºde na obtenĂ§Ă£o de contratos de sua empresa recĂ©m-criada com outros Ă³rgĂ£os da administraĂ§Ă£o pĂºblica, mediante o pagamento de um percentual a tĂtulo de vantagens indevidas”, diz o MPF.
Segundo a Procuradoria, os investigadores identificaram a existĂªncia de um esquema de direcionamento de contratos da JUCEG (Junta Comercial do Estado de GoiĂ¡s) e da Fiocruz (FundaĂ§Ă£o Oswaldo Cruz), atravĂ©s da fundaĂ§Ă£o de apoio FIOTEC.
“Nestes casos, os empresĂ¡rios colaboradores narraram que obtiveram Ăªxito na contrataĂ§Ă£o de serviços de sua empresa [PrĂ³-SaĂºde] em razĂ£o do comando ou da influĂªncia que os investigados exerciam nos Ă³rgĂ£os, e, em troca, pagaram altas quantias de dinheiro em espĂ©cie ou atĂ© mesmo atravĂ©s de depĂ³sitos bancĂ¡rios”, segundo o MPF.
No Rio de Janeiro, a PrĂ³-SaĂºde passou a atuar na administraĂ§Ă£o de hospitais estaduais entre o final de 2012 e o inĂcio de 2013.
Na ocasiĂ£o, eles participaram em um esquema envolvendo o entĂ£o governador fluminense SĂ©rgio Cabral (MDB) e o secretĂ¡rio de SaĂºde do estado na Ă©poca, SĂ©rgio CĂ´rtes.
A propina era equivalente a 10% dos contratos da PrĂ³-SaĂºde e entregue “aos empresĂ¡rios Miguel Iskin e Gustavo Estellita, que controlavam todo o esquema”, diz o MPF.
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Foto: Folhapress