Governador do Mato Grosso do Sul é indiciado por corrupção

Segundo o inquérito, o governador recebeu propinas da JBS que totalizaram R$ 67 milhões

Governador do Mato Grosso do Sul é indiciado por corrupção

Publicado em: 06/07/2020 às 19:51 | Atualizado em: 06/07/2020 às 19:54

A Polícia Federal (PF) indiciou o governador de Mato Grosso do Sul Reinaldo Azambuja (PSDB).

Ele foi indiciado pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de organização criminosa.

Segundo o inquérito, o governador recebeu propinas da JBS que totalizaram R$ 67 milhões e teriam provocado um prejuízo de R$ 209 milhões aos cofres públicos do estado.

Procurado, o governador negou irregularidades e disse que recebeu a conclusão com “estranheza e indignação”.

 

Delação dos irmãos Batista

 

Aberto com base na delação premiada dos executivos do grupo J&F, o inquérito foi concluído pela PF no último dia 29 e também indicia o filho do governador, Rodrigo Souza e Silva, e outras 20 pessoas envolvidas no esquema.

“Cabe destacar o papel de comando da organização criminosa exercido pelo governador Reinaldo Azambuja, seja diretamente, seja por intermédio de seu filho Rodrigo Souza e Silva”, escreveu na conclusão do relatório o delegado Leandro Alves Ribeiro.

A PF também destacou que a delação premiada dos executivos da J&F cumpriu sua finalidade e permitiu a obtenção de provas relevantes para o inquérito.

O relatório foi enviado ao ministro Félix Fischer, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), relator do caso.

A investigação foi conduzida pelo Serviço de Inquéritos Especiais (Sinq) da PF, responsável por casos envolvendo políticos com foro privilegiado.

Agora, caberá à Procuradoria-Geral da República (PGR) decidir, com base nas provas obtidas, se apresenta denúncia contra Azambuja.

 

Operação

 

Após uma extensa investigação que incluiu a deflagração de busca e apreensão, batizada de Operação Vostok, quebras de sigilo bancário e dezenas de depoimentos, a PF obteve provas independentes.

As evidências corroboraram a delação e apontaram que as propinas foram pagas por meio de dinheiro vivo, repasses da JBS a um frigorífico que gerava notas fiscais frias e, por último, por doações eleitorais oficiais, entre os anos de 2014 e 2016.

Além disso, as entregas de dinheiro vivo a um emissário do governador foram feitas por meio de operações com supermercados do Rio e de São Paulo.

Os detalhes foram fornecidos pelo empresário Wesley Batista em sua colaboração.

“Wesley Batista esclareceu que foi repassado ao governador Reinaldo Azambuja, em espécie, o montante de R$ 12,1 milhões, por meio de entregas realizadas nas cidades de São Paulo/SP e Rio de Janeiro/RJ”, diz o relatório.

Como contrapartida pelos pagamentos de propina, o governador teria concedido benefícios fiscais à JBS que permitiram ao grupo empresarial deixar de recolher aos cofres estaduais R$ 209 milhões em ICMS.

Os termos do acordo com os benefícios fiscais foram assinados pelo próprio Azambuja, de acordo com os documentos obtidos na investigação.

A propina paga corresponderia a aproximadamente 30% da renúncia dos valores a serem arrecadados.

 

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Foto: Reprodução/Facebook