FlĂ¡vio Dino na mira da PGR por contrato de combustĂvel
Governador Ă© suspeito de irregularidade em um contrato para a compra de combustĂvel destinado a abastecer um helicĂ³ptero

Publicado em: 29/04/2020 Ă s 10:34 | Atualizado em: 29/04/2020 Ă s 10:48
A Procuradoria-Geral da RepĂºblica (PGR) apresentou um pedido de abertura de inquĂ©rito contra o governador do MaranhĂ£o,FlĂ¡vio Dino (PCdoB).
O objetivo Ă© apurar suspeitas de irregularidade em um contrato para a compra de combustĂvel destinado a abastecer um helicĂ³ptero.
O pedido de inquĂ©rito foi enviado na Ăºltima semana Ă corte especial do Superior Tribunal de Justiça (STJ) pela subprocuradora-geral da RepĂºblica LindĂ´ra Maria Araujo, responsĂ¡vel na PGR pelas investigações de governadores.
O caso vai tramitar sob sigilo.
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InvestigaĂ§Ă£o
Segundo a investigaĂ§Ă£o, o governo do MaranhĂ£o fez um contrato para comprar 175 mil litros de combustĂvel por ano para abastecer um helicĂ³ptero modelo EC-145 usado pela Secretaria de Segurança.
De acordo com informações preliminares apuradas pelos investigadores, o consumo anual deste helicĂ³ptero, considerado o uso previsto em contrato de 60 horas por mĂªs, seria de 144 mil litros.
Para a PGR, hĂ¡ suspeitas de que 31 mil litros tenham sido comprados a mais, o que provocaria prejuĂzo de R$ 267 mil aos cofres pĂºblicos.
“Veja-se, portanto, que a licitaĂ§Ă£o, ao menos aparentemente, estĂ¡ calcada em elementos incoerentes, nĂ£o condizentes com o consumo esperado para esse tipo de aeronave, gerando fundada suspeita de ilicitude e, em tese, desvio de recursos pĂºblicos”, escreveu a subprocuradora em seu pedido de abertura de inquĂ©rito.
CidadĂ£o representou
O caso teve inĂcio com uma representaĂ§Ă£o feita por um cidadĂ£o Ă primeira instĂ¢ncia do MinistĂ©rio PĂºblico Federal no MaranhĂ£o.
O primeiro procurador responsĂ¡vel pelo caso avaliou que nĂ£o havia indĂcios de irregularidades e arquivou o inquĂ©rito.
O cidadĂ£o recorreu e o caso foi analisado pela 5ª CĂ¢mara de CoordenaĂ§Ă£o e RevisĂ£o do MPF.
A 5ª CĂ¢mara decidiu que havia indĂcios mĂnimos da ocorrĂªncia de crimes e determinou que uma investigaĂ§Ă£o fosse aberta.
Foro privilegiado
Com isso, a apuraĂ§Ă£o da responsabilidade criminal ficou com a PGR, jĂ¡ que o governador FlĂ¡vio Dino possui foro privilegiado.
O inquĂ©rito mira um contrato da sua gestĂ£o e a PGR vai apurar se o governador teve relaĂ§Ă£o com as irregularidades. TambĂ©m foi aberto um inquĂ©rito civil de improbidade administrativa na primeira instĂ¢ncia.
Ao pedir a abertura, a subprocuradora solicitou que o inquĂ©rito seja enviado para a PolĂcia Federal no MaranhĂ£o dar prosseguimento Ă s diligĂªncias.
Outro lado
Procurado, o governo do MaranhĂ£o negou irregularidades e afirmou que FlĂ¡vio Dino nĂ£o tem relaĂ§Ă£o com a assinatura do contrato pela SSP.
“A suposta denĂºncia carece de fundamento e Ă© totalmente desprovida de seriedade. Se houve necessidade de esclarecimentos complementares, a Secretaria de Segurança PĂºblica prestarĂ¡ no momento oportuno. O governo do MaranhĂ£o tambĂ©m esclarece, no que se refere ao foro no STJ, que obviamente nĂ£o Ă© o governador do Estado que pratica atos administrativos sobre a compra de combustĂveis na PolĂcia Militar, tampouco Ă© quem abastece veĂculos ou aeronaves. Logo, se existir algum procedimento formal, certamente ele nĂ£o pode se dirigir ao governador, pois seria um disparate jurĂdico”, diz a Secretaria de ComunicaĂ§Ă£o do governo.
SSP se defende
A SSP do MaranhĂ£o reiterou, em nota, que o consumo do helicĂ³ptero Ă© de 310 litros por hora e que o contrato pode ser reajustado caso se consuma quantidade menor.
“Mesmo diante de possĂveis variações de consumo de combustĂvel durante o voo, em decorrĂªncia de mudanças de temperatura, velocidade, altitude etc., os valores pagos pela Secretaria de Segurança sempre serĂ£o os estabelecidos pelo real consumo da aeronave, comprovados atravĂ©s de notas fiscais dos abastecimentos”, diz a SSP.
Em uma rede social, o governador FlĂ¡vio Dino atribuiu o inquĂ©rito a uma retaliaĂ§Ă£o polĂtica do procurador-geral da RepĂºblica Augusto Aras contra ele.
Dino compartilhou uma publicaĂ§Ă£o que dizia que a PGR estava a serviço do PalĂ¡cio do Planalto ao solicitar a investigaĂ§Ă£o, revelada pelo GLOBO.
“ImpossĂvel acreditar que alguĂ©m imagine que Ă© o governador que cuida de combustĂvel na PolĂcia Militar. PetiĂ§Ă£o desprovida de seriedade. Vou representar por abuso de autoridade contra quem subscreveu tamanha indecĂªncia. E nĂ£o mudarei minha conduta sĂ©ria e corajosa”, escreveu Dino.
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Foto: Geraldo Magela/AgĂªncia Senado