Missionário, ao invés de evangelizar, distribuía arma a índios na Amazônia

Missão evangelizadora acabou expulsa das terras, mas missionário continuou na região

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Publicado em: 07/03/2020 às 10:24 | Atualizado em: 07/03/2020 às 10:24

A Justiça Federal condenou o missionário Luiz Carlos Ferreira, ligado à Missão Novas Tribos do Brasil, por distribuir arma de fogo no território indígena Zo’ é, no oeste do Pará, na Amazônia.

De acordo com a sentença, a pena é de 2 anos de prisão. Mas, o missionário não ficará preso porque a pena foi convertida em serviços comunitários e multa. O valor é de R$ 20 mil.

Além disso, pode recorrer da sentença em liberdade.

Conforme denúncia do Ministério Público Federal (MPF), em 2016, Ferreira integrava a Missão Novas Tribos do Brasil (hoje chamada de Ethnos 360). Portanto, seu trabalho era contatar e evangelizar a população indígena.

Ao invés disso, conforme o MPF, ele deu uma espingarda a um índio da tribo. Tal arma, que não tinha registro legal, causou perturbação na comunidade, interferindo nas tradições locais.

Na sentença, a Justiça considerou ainda que a arma causou riscos a uma” população vulnerável”.

 

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Alegação derrubada

Ferreira confessou que fez a entrega da arma ao índio. Todavia, alegou que o crime é 1998 e por isso estaria prescrito. Durante o processo de investigação o MPF provou à Justiça que a arma foi entregue em 2010.

Como reflexo dessa ação missionária, houve inúmeras mortes de indígenas. Por causa disso, missionários foram expulsos e proibidos de retornar à terra indígena.

Ferreira, contudo, desobedeceu a ordem. E ficou em fazendas vizinhas, no município de Santarém.

Segundo o MPF, outro denunciado desse episódio é o castanheiro Manoel de Oliveira. Ele teria submetido 96 indígenas a trabalho escravo.

 

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Fonte: PGR

 

Foto: Gleison Miranda/Funai/Survival