Assassinatos e suicídios entre jovens indígenas aumentam em São Gabriel
DA REDAÇÃO DO BNC EM BRASÍLIA / Em carta-manifesto, Departamento de Adolescentes e Jovens Indígenas do Rio Negro pede socorro às autoridades

Publicado em: 18/02/2020 às 06:18 | Atualizado em: 18/02/2020 às 06:24
Homicídios e suicídios de jovens do Rio Negro preocupam.
Lideranças e entidades de proteção aos povos indígenas da região estão em alerta.
Dos 475 suicídios indígenas registrados pelo Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), do SUS, 289 eram jovens na faixa de 15 a 29 anos de idade.
Os números são referentes aos últimos cinco anos.
Desse total, 60,9% foram suicídios indígenas, mais que o dobro do que seria esperado.
No caso de São Gabriel da Cachoeira, o índice de suicídios foi de 51,2 por 100 mil habitantes em 2012.
Ao menos 75% dos suicídios indígenas foram de jovens entre 15 e 29 anos, de acordo com o levantamento do SIM.
O número representa aproximadamente um terço do total de mortes contabilizadas no mesmo período em São Gabriel da Cachoeira (73 mortes entre os anos de 2008 e 2012).
Os dados são do Departamento de Adolescentes e Jovens Indígenas do Rio Negro (DAJIRN).
A entidade foi criada em 2008 para defender os direitos dos adolescentes e Jovens indígenas da região do Rio Negro.
A DAJIRN abrange os municípios de São Gabriel da Cachoeira, Santa Isabel do Rio Negro e Barcelos, no Amazonas.
Em carta enviada às instituições brasileiras e à comunidade internacional, o DAJIRN, ligado à Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn), pede ações emergenciais.
O objetivo é dar mais segurança às populações jovens das etnias que vivem naquela região.
As principais causas dos homicídios e suicídios entre os jovens indígenas são:
a. O crescimento descontrolado de pontos de vendas bebidas alcoólicas nas cidades (bares);
b. A falta de fiscalização do Conselhos Tutelar nas baladas (danceterias), bares, ruas e praças em altas horas;
c. A falta de atuação e acompanhamento da Marinha nas praias e dos outros pontos de banhos do Rio Negro nos finais de semanas;
d. A falta de vistoria de fiscalização dos órgãos de Segurança Pública;
e. A falta de fiscalização aos comerciantes por não cumprir a Lei nº 13.106/2015, que proíbe a venda de bebidas alcoólicas para menores;
f. A falta de construção de área de lazer para ocupar a juventude;
g. A falta de geração de emprego e renda para juventude;
h. Alto índice de violência (abuso sexual de menores) contra as crianças e as adolescentes indígenas;
i. Exploração do trabalho infantil das crianças estrangeiras (venezuelanos e colombianos).
Providências do poder público
“Diante desses fatos preocupantes, exigimos que os órgãos públicos tomem providências emergenciais para combater o uso de drogas, álcool e violência no nosso município de São Gabriel da Cachoeira”, diz a carta-manifesto do Departamento de Adolescentes e Jovens Indígenas do Rio Negro (DAJIRN).
A entidade também pede mais fiscalização na venda de bebidas alcoólicas para menores de idade, que vem levando a um cenário de total descontrole e abandono dos jovens na cidade, aumentando o índice de violência, sobretudo contra as mulheres indígenas.
Solicita ainda que seja convocada emergencialmente uma reunião do Fórum Interinstitucional de São Gabriel da Cachoeira para buscar soluções a essa grave situação que afeta a juventude do município.
Foto: Foirn, em 10 de julho de 2013