Justiça condena Mouhamad a 11 anos por superfaturamento em lavanderia

Publicado em: 15/08/2019 Ă s 16:37 | Atualizado em: 15/08/2019 Ă s 16:37
O mĂ©dico e empresĂ¡rio Mouhamad Moustafa foi condenado a 11 anos e oito meses de prisĂ£o por pagamentos superfaturados a empresa Ita Serviços, por serviços de lavanderia prestados na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e Maternidade Tabatinga, no valor de R$ 630 mil. A sentença condenatĂ³ria foi proferida pela Justiça Federal em aĂ§Ă£o penal movida pelo MinistĂ©rio PĂºblico Federal (MPF) no Amazonas, em decorrĂªncia da OperaĂ§Ă£o Maus Caminhos.
A Justiça Federal condenou tambĂ©m a advogada Priscila Marcolino Coutinho a oito anos e quatro meses de prisĂ£o, a enfermeira Jennifer Naiyara Yochabel Rufino CorrĂªa da Silva a dois anos e dois meses de prisĂ£o e o empresĂ¡rio Erhard Lange a cinco anos e dez meses de prisĂ£o. Os quatro rĂ©us foram condenados pelo crime de peculato, previsto no artigo 312 do CĂ³digo Penal.
Os pagamentos superfaturados foram realizados em contrato mantido pelo Instituto Novos Caminhos (INC) com a empresa Ita Serviços. Apesar de o contrato nĂ£o prever o preço do quilo da roupa lavada, ao se considerar a mĂ©dia de roupa efetivamente lavada e o valor de R$ 50 mil pago mensalmente, ficou constatado que o preço pago por quilo, de R$ 27,77, superava em mais de 900% o valor do mercado. Por serviços semelhantes, a Secretaria de Estado de SaĂºde (Susam) pagava R$ 2,77 a cada quilo de roupa lavada.
ApuraĂ§Ă£o do MPF indicou que foram emitidas 14 notas fiscais de serviços pelo INC para a Ita Serviços, entre os anos de 2015 e 2016. Do total de R$ 700 mil pagos Ă empresa, com recursos federais, R$ 630 mil correspondem ao superfaturamento.
Multa de R$ 1 milhĂ£o
A sentença judicial aponta que Mouhamad Moustafa era o principal receptor dos valores desviados dos fornecedores do INC, seja por superfaturamento ou pelo pagamento de serviços nĂ£o prestados efetivamente. O mĂ©dico, considerado o controlador de fato do INC, que recebia de volta uma parte dos valores pagos aos fornecedores, foi condenado pelo crime de peculato, assim como ao pagamento de multa de mais de R$ 1 milhĂ£o.
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Priscila Marcolino Coutinho era responsĂ¡vel pela gestĂ£o financeira da organizaĂ§Ă£o criminosa e autorizava a transferĂªncia dos valores superfaturados Ă empresa Ita Serviços. AlĂ©m da pena de prisĂ£o, a advogada foi condenada ao pagamento de multa superior a R$ 130 mil.
JĂ¡ Jennifer Naiyara da Silva era a presidente do INC e assinou o contrato do instituto com a Ita Serviços. Como supervisora operacional dos contratos celebrados, tinha ciĂªncia dos pagamentos superfaturados e procurava manter o funcionamento da engrenagem criminosa. A enfermeira teve a pena reduzida em decorrĂªncia de acordo de colaboraĂ§Ă£o premiada.
O empresĂ¡rio Erhard Lange era o proprietĂ¡rio e representante legal da Ita Serviços, responsĂ¡vel pela assinatura do contrato com o INC. Lange deverĂ¡ tambĂ©m pagar multa de mais de R$ 230 mil.
Os rĂ©us foram condenados ainda ao ressarcimento dos danos causados ao patrimĂ´nio pĂºblico de R$ 630 mil, corrigidos monetariamente.
A aĂ§Ă£o penal tramita na 4ª Vara Federal no Amazonas, sob o nº 8140-65.2017.4.01.3200. Da sentença, cabe recurso.
Foto: DivulgaĂ§Ă£o