Haddad aceita debater até na enfermaria onde Bolsonaro estiver

Publicado em: 10/10/2018 às 14:09 | Atualizado em: 10/10/2018 às 14:09
Em entrevista coletiva para jornalistas da imprensa internacional, nesta quarta-feira (10), o candidato do PT à Presidência da República, Fernando Haddad, convocou o adversário Jair Bolsonaro (PSL) a comparecer aos debates televisivos.
Os médicos que cuidam da recuperação de Bolsonaro afirmaram que ele não irá ao primeiro debate do segundo turno por questão de saúde. As informações são do G1.
“Eu vou na enfermaria em que ele estiver para debater o país. Os brasileiros precisam saber a verdade sobre as coisas. Vamos tratar isso de forma adulta e não fazendo criancice na internet contando com a boa fé das pessoas que são crédulas. Muita gente acredita no que recebe no WhatsApp, mas lá você não tem o contraditório. No debate você tem”, disse Haddad.
Ao falar sobre notícias falsas quem têm sido distribuídas durante a campanha, o petista afirmou que a Justiça brasileira não consegue conter os danos de imagem que elas produzem.
“A justiça cassa, vão lá e produzem outros (…) Eu entendo que no segundo turno o peso das fake news é menor, se tiver debate. Não há como se acovardar no debate. Ele vai ter que enfrentar. As atitudes covardes de redes sociais são impossíveis no debate face a face. Temos que passar a limpo muita coisa”, disse.
‘Erros’ do PT
Questionado sobre por que o PT não admitia “erros” no governo, Haddad disse que sempre foi pessoalmente “crítico aos equívocos cometidos” em entrevistas e artigos que escreveu.
“A questão das desonerações (tributárias) foram, na minha opinião, um ponto. Inclusive reconhecido pela própria Dilma [Rousseff] de condução da política econômica no final do seu primeiro mandato. Eu tenho sido muito franco na análise que fiz dos nossos governos”, afirmou.
Para Haddad, o maior erro do PT foi não ter feito uma reforma política.
“Na minha opinião o maior erro foi não ter feito a reforma política. Isso abriu brechas em todo o sistema político para que pessoas se comportassem de maneira equivocada. Tínhamos que ter enfrentado o debate sobre financiamento empresarial de campanha. Precisou o STF declarar inconstitucional. Eu penso que isso deve ser reconhecido. Erramos nesse aspecto. Tínhamos que ter enfrentado isso na primeira hora, em 2003”, disse.
Venezuela
Perguntado sobre se acha que a Venezuela é uma democracia ou ditadura, Haddad defendeu a diplomacia para lidar com o país vizinho.
“O papel do Brasil é de líder do continente. Nós devemos ajudar os países que estão com problemas a encontrar um caminho de fortalecimento da soberania nacional e popular. Temos mecanismos para isso. Não precisamos tomar partido. Não precisamos de base militar. Não precisamos declarar guerra a vizinho nenhum. Isso é uma tradição da diplomacia brasileira”, disse.
Haddad citou medidas adotadas pelos ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Lula.
“Temos que retomar a boa diplomacia brasileira. A que não se envolve em conflitos internos. Respeita a autodeterminação dos povos, mas exerce a liderança”, completou.
Ele afirmou ainda que pergunta deveria ser feita a Bolsonaro.
“Essa pergunta você deveria dirigir a quem defendeu a ditadura no Brasil, a tortura e a cultura do estupro, o meu adversário. Meu adversário até hoje defende torturadores abertamente”, afirmou Haddad.
Foto: Rovena Rosa/ABr