ApĂ³s 36 anos, escola de Mestrinho pode sofrer primeira derrota

Publicado em: 23/09/2018 Ă s 10:51 | Atualizado em: 21/12/2018 Ă s 17:10
Por Neuton CorrĂªa, da redaĂ§Ă£o
A pesquisa publicada nesta sexta-feira, dia 21, pela empresa DMP/Rede Tiradentes de rĂ¡dio e TV, mostra que, pela primeira vez em 36 anos, a escola polĂtica criada pelo jĂ¡ falecido governador Gilberto Mestrinho, histĂ³rico nome do MDB, poderĂ¡ sofrer uma derrota ao Governo do Estado.
O iminente declĂnio do grupo criado pelo professor, hoje extrema e fatalmente rachado, poderĂ¡ se dar por uma via improvĂ¡vel hĂ¡ poucos meses: o radialista Wilson Lima (PSC), de um partido nanico, sem aliados tradicionais nem tempo de TV.
De 1982 atĂ© a Ăºltima eleiĂ§Ă£o estadual, a tampĂ£o do ano passado, os egressos dessa escola sempre venceram a disputa.
O primeiro ciclo, de 20 anos, foi de revezamento entre Mestrinho e Amazonino Mendes (PDT), que ficaram no poder atĂ© 2002. O atual governador estĂ¡ no seu quarto mandato no Executivo e disputa com chances de vitĂ³ria as eleições deste ano.
Esse primeiro ciclo começou com a retomada do governo por Mestrinho em 1982, quando derrotou o radialista JosuĂ© Filho, no inĂcio da redemocratizaĂ§Ă£o do paĂs, apĂ³s o golpe militar de 1964.
Amazonino, o primeiro herdeiro
Quatro anos depois, em 1986, ele passou o governo para Amazonino, que em 1983 havia sido nomeado prefeito de Manaus por Mestrinho. Era o inĂcio da carreira polĂtica daquele que viria a suceder o velho cacique da polĂtica amazonense.
Amazonino guardou o posto de chefe do Executivo estadual para Mestrinho atĂ© 1º de janeiro de 1991.
Nesse ano, Mestrinho volta ao poder e o devolve para Amazonino em 1995, quando inicia o perĂodo da reeleiĂ§Ă£o e seu sucessor consegue ficar na chefia do Governo do Amazonas por oito anos.
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No fim desse prazo, Amazonino passou o estado para Eduardo Braga (MDB), em um realinhamento dos dois em 2002, apĂ³s terem se confrontado em duas eleições anteriores: em 1998, na disputa pelo governo, e em 2000, quando Braga perdeu a Prefeitura de Manaus para Alfredo Nascimento (PR).
Braga, por sua vez, a contragosto, passou o governo para outro membro da escola Mestrinho, o hoje senador e candidato a governador Omar Aziz (PSD).
Este, na sequĂªncia, fez JosĂ© Melo (Pros) seu vice-governador no mandato de 2011 a 2014, quando o ajudou a se eleger governador. Melo apareceu na polĂtica pelas mĂ£os de Amazonino, que o fez secretĂ¡rio de EducaĂ§Ă£o e deputado federal, alĂ©m de outros cargos importantes no governo. Pelas mĂ£os de Braga, Melo foi deputado estadual e secretĂ¡rio de estado, e indicado para vice de Omar.
A decisĂ£o que pode ter sido fatal
Por fim, Amazonino, o mais virtuoso aluno de Mestrinho, voltou Ă cadeira de governador no ano passado. Sua missĂ£o seria “arrumar a casa” e fazer um sucessor nestas eleições, mas ele preferiu ficar na cadeira.
Nesse caso, a intenĂ§Ă£o de votos identificada para Wilson Lima, lĂder das pesquisas hoje, pode estar refletindo a rejeiĂ§Ă£o a essa hegemonia polĂtica que caminha para completar 40 anos.
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