Bolsonaro movimentou R$ 44,3 milhões, aponta PF, que apura lavagem
Mais de 1 milhão das transações foram por pix. Em 2018 Bolsonaro tinha só R$ 2 milhões em patrimônio.

Da Redação do BNC Amazonas
Publicado em: 22/08/2025 às 10:13 | Atualizado em: 22/08/2025 às 10:15
A Polícia Federal (PF) identificou movimentações financeiras que somam R$ 44,3 milhões nas contas do ex-presidente Jair Bolsonaro em apenas dois anos, entre março de 2023 e junho de 2025.
O valor, segundo a PF, não representa um saldo único encontrado, mas sim o volume acumulado de operações bancárias no período, com forte uso do pix.
As informações constam de relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) anexados a inquéritos em curso, e foram divulgadas neste dia 22 de agosto.
De acordo com os documentos, mais de R$ 30 milhões foram movimentados apenas entre março de 2023 e fevereiro de 2024, sendo R$ 17 milhões via pix, distribuídos em mais de 1 milhão de transações.
O padrão de movimentação chamou a atenção dos investigadores, que apontam indícios de lavagem de dinheiro e outros ilícitos penais.
“O conjunto das operações, pela sua frequência e volume, é incompatível com o perfil declarado do investigado”, aponta trecho do relatório da PF.
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De onde veio o milagre?
Na tentativa de entender qual a mágica que Bolsonaro fez para chegar a essa estratosférica, o jornalista Ronaldo Tiradentes se deu ao trabalho de fazer uma investigação rápida sobre dados públicos da fortuna de quem passou apenas quatro anos no governo.
Conforme Bolsonaro declarou à Justiça eleitoral em 2018, a soma de todos os seus bens, móveis e imóveis, era de R$ 2.317.554,73 milhões.
Somados os salários de 48 meses como presidente, ele poderia juntar R$ 1.104.000,00.
Dessa forma, é isso que a polícia vai descobrir, como ele conseguiu movimentar tão somente nos últimos dois anos esses R$ 44,3 milhões.
É público que Bolsonaro arrecadou de seis fiéis seguidores mais de R$ 17 milhões doados via pix.
Indiciamento e suspeitas
Além do rastreamento desses R$ 44,3 milhões, Bolsonaro já foi indiciado por crimes como coação no curso do processo e abolição violenta do Estado de Direito, em investigações que apuram a atuação de Bolsonaro e aliados contra o resultado das eleições e as instituições democráticas.
Seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro, também figura como indiciado em parte dessas apurações.
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Defesa e contexto
A defesa de Bolsonaro afirma que as movimentações decorrem de doações de apoiadores e da venda de produtos licenciados, negando qualquer irregularidade.
No entanto, para a PF, o padrão de entradas e saídas, aliado à multiplicidade de fontes e ao uso intenso de transferências instantâneas, reforça as suspeitas de crimes financeiros.
“A PF está tentando criminalizar atos legítimos de um líder político que é alvo de perseguição”, disse um dos advogados do ex-presidente.
Discurso de moralidade sob pressão
O episódio atinge diretamente a narrativa cultivada por Bolsonaro de ser um defensor da probidade e da boa gestão do dinheiro público.
Enquanto pregava austeridade e honestidade no trato com os recursos, os relatórios revelam um fluxo multimilionário de recursos cuja origem e destino são agora questionados pela polícia.
Para críticos, o contraste entre o discurso de “limpeza moral” e as movimentações sob investigação pode minar a confiança até mesmo de parte de sua base mais fiel.
Foto: Antonio Augusto/STF