Mulher de Bolsonaro foge dos áudios que derrubaram discurso de ‘família’
Ela não disse nada sobre gravações que abalam sua narrativa sobre moral e família.

Publicado em: 22/08/2025 às 08:00 | Atualizado em: 22/08/2025 às 06:30
Até o início da manhã desta sexta-feira (22 de agosto), Michelle Bolsonaro não havia feito qualquer declaração pública à imprensa sobre os áudios atribuídos ao marido Bolsonaro e seu filho Eduardo, cuja divulgação abalou um dos principais pilares do seu discurso e da direita bolsonarista: a defesa da “família” sob princípios cristãos.
As gravações, reveladas nesta semana, mostram conversas entre pai e filho com tom ríspido, ofensivo e desrespeitoso recheado de palavrões. E isso expôs um contraste evidente com a imagem cultivada pelo grupo político, que costuma se apresentar como guardião da moral, da fé e dos bons costumes.
Evasiva
Desde que o caso veio à tona, Michelle tem feito manifestações apenas genéricas, seja em redes sociais ou em eventos, alegando perseguição contra Bolsonaro e apoiando aliados como o religioso Silas Malafaia, também citado no caso.
Em nenhum momento, porém, Michelle abordou o conteúdo das conversas ou comentou o impacto político das declarações.
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Impacto fatal na narrativa
O silêncio da mulher de Bolsonaro ocorre em um momento de forte desgaste para a base bolsonarista, que tenta conter a repercussão negativa das falas divulgadas.
Dessa forma, as conversas ofensivas e desrespeitosas entre Bolsonaro e o filho que fugiu para conspirar contra seu país fragiliza a retórica de que o núcleo familiar de Bolsonaro representa um exemplo moral para o país.
Essa é a bandeira que Michelle usa frequentemente em campanhas e discursos públicos.
“As gravações atingem o coração do discurso bolsonarista. É difícil sustentar a narrativa de ‘deus, pátria, família’ com esse tipo de conteúdo vindo de dentro da própria casa”, avalia um cientista político.
Foto: Isac Nobrega/PR