Ofensas de Eduardo ao pai Bolsonaro enterram discurso de deus e família

Áudios e mensagens mostram agressões verbais ao próprio pai, em choque com a pauta moral e conservadora da política bolsonarista.

Da Redação do BNC Amazonas

Publicado em: 21/08/2025 às 15:09 | Atualizado em: 21/08/2025 às 15:09

Mensagens de WhatsApp enviadas por Eduardo Bolsonaro ao pai, Jair Bolsonaro, reveladas pelo ICL Notícias com base em material da Polícia Federal divulgado neste 20 de agosto, mostram um tom agressivo e ofensivo que contrasta frontalmente com a retórica pública de “deus, pátria e família” que o bolsonarismo vende ao eleitorado.

Em meio a divergências políticas e pessoais, Eduardo dispara contra o próprio pai ofensas de baixo calão, deixando de lado qualquer traço de respeito familiar.

“VTNC seu ingrato do caralho! Me fudendo aqui! Você ainda vai se fuder aí!”

“Se o IMATURO do seu filho de 40 anos não puder encontrar com os caras aqui, PORQUE VC ME JOGA PRA BAIXO, quem vai se fuder é você E VAI DECRETAR O RESTO DA MINHA VIDA NESTA PORRA AQUI!”

— Eduardo, em mensagens ao pai Bolsonaro

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Tarcísio, pivô

As mensagens foram enviadas durante discussões que envolveram também críticas ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.

“Graças aos elogios que você fez a mim no Poder 360 [portal], estou pensando seriamente em dar mais uma porrada nele [Tarcísio], para ver se você aprende”.

Tensão com Malafaia

A tensão também veio à tona em conversas de Bolsonaro com o religioso Silas Malafaia, divulgadas em áudios anexados ao inquérito da PF.

Em um deles, Malafaia se queixa diretamente do comportamento de Eduardo:

“Teu filho babaca falar merda… mandei um áudio para ele de arrombar… a próxima que tu fizer, eu gravo um vídeo e te arrebento”.

— Malafaia, em áudio a Bolsonaro

O diálogo reforça o cenário de atritos internos, expondo a distância entre o discurso público de harmonia familiar e a realidade marcada por ofensas e ameaças.

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Contradição conservadora

A divulgação dessas conversas amplia o desgaste da narrativa bolsonarista, construída sobre pilares como moralidade, valores cristãos e unidade familiar.

O contraste entre a defesa pública desses princípios e a agressividade privada do filho com o pai deixa evidente a distância entre discurso e prática.

Enquanto em palanques e entrevistas a família Bolsonaro é apresentada como modelo de união e fé, nos bastidores revelados pelas mensagens, o tom é de ressentimento, insultos e ameaças.

O episódio fragiliza um dos símbolos mais explorados politicamente por Bolsonaro e sua mulher Michelle e os filhos dele: a imagem de um núcleo familiar coeso e exemplar.

Foto: reprodução/Agência Brasil