Caprichoso lota bumbódromo no ensaio de arena
As duas arquibancadas do bumbódromo, azul e vermelha, ficaram lotadas de torcedores do Caprichoso

Juliana Oliveira, da Redação do BNC Amazonas em Parintins
Publicado em: 25/06/2025 às 12:53 | Atualizado em: 25/06/2025 às 13:10
No Dia de São João, o 24 de junho, às 21h, pontualmente, o boi-bumbá Caprichoso iniciou o ensaio técnico de arena aberto ao público. As duas arquibancadas do bumbódromo, azul e vermelha, ficaram lotadas de torcedores do Caprichoso.
Foram distribuídos balões azuis e brancos para a galera e, além disso, havia centelhadores ao longo da arquibancada azul, produzindo uma chuva prateada.
Os balões somados à cascata prateada criaram um efeito visual do qual os itens do boi se orgulhavam.
O apresentador Edmundo Oran diversas vezes elogiou a torcida azul e branca com seus “adereços” em contraste ao boi contrário que, em seu ensaio de arena, não usou adereços nem fogos.
Oran se conectou com a galera que, em coro, foi instruída a gritar: “É tempo de retomada!” – tema do Caprichoso neste ano.
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O promissor amo do boi
Caetano Medeiros estreará na arena como amo do boi. Sem dúvida, ele é a mais nova aposta do Caprichoso. Ao que parece, a aposta é alta, pois o novo amo do boi parece entregar tudo o que promete.
Caetano não apenas rima bem, respeitando o regulamento do festival, mas também tem a afinação de voz de um grande músico. No ensaio, o amo soltou sua voz em uma composição autoral sobre combate ao genocídio dos povos da Amazônia.
A Amazônia é mulher
O boi Caprichoso traz para a arena o tema da Amazônia. No ensaio, mostrou que a Amazônia é mulher, algo que aparece na arte do tema deste ano “É tempo de retomada!”, baseado no livro da escritora Trudruá Dorrico, do povo macuxi.

Além de refletir sobre genocídio, colonialismo, exploração em termos de retomada, o boi-bumbá parece apostar em uma mudança de enfoque de gênero.
Assim sendo, traz para o centro da arena figuras femininas da Amazônia.
As morubixabas, no item tuxaua, ao som da toada “Tuiçaua – a dança das morubixabas”, são homenagem a mulheres, como a falecida Tuiré Kayapó, Juma Xipaia, dentre outras.

É interessante notar que a pauta do matriarcado, outrora relegada ao ostracismo pela própria ciência, é recuperada pelo boi negro:
“Empoderadas aguerridas (hey, ha, hey)
Matriarcado pulsa vida (hey, ha, hey)
A energia que vem da nação
Arquibancada na palma da minha mão
Pra dança das morubixabas
Ha-ha-ha-haê morubixaba
Ha-ha-ha-haê morubixaba
Tuxaua, tuxaua, tuxaua, tuxaua, tuxaua, tuxaua”
A questão de gênero também vem para o centro com o item 15 (figuras típicas regionais) ao som da toada “Majés – senhoras da cura”, com Edilson Santana e as indígenas suraras do rio Tapajós em sua mescla com o carimbó paraense.
Fotos: Juliana Oliveira/especial para o BNC Amazonas