Marco Aurélio se diz crucificado no patrulhamento da mídia

Publicado em: 23/03/2018 Ă s 15:34 | Atualizado em: 23/03/2018 Ă s 15:41

O ministro do Supremo Tribunal Federal Marco AurĂ©lio Mello disse, nesta sexta-feira (23), que “estĂ¡ sendo crucificado” como culpado pelo adiamento do julgamento do habeas corpus do ex-presidente Luiz InĂ¡cio Lula da Silva, na noite de ontem (22).

De acordo com a AgĂªncia Brasil, Marco AurĂ©lio fez uma palestra no 15º ColĂ³quio da Academia Brasileira do Trabalho (foto), no Rio de Janeiro, e comentou as reações ao adiamento.

“Hoje estou sendo crucificado. Estou sendo crucificado como culpado pelo adiamento do julgamento do habeas corpus do presidente Lula, porque sou um cumpridor de compromissos”.

O ministro contou que tinha um voo para o Rio de Janeiro Ă s 19h40 e jĂ¡ havia feito check-in quando foi colocado em votaĂ§Ă£o o pedido de adiamento da sessĂ£o e que fora  aprovado por sete votos a quatro.

Com a decisĂ£o, o julgamento foi adiado para 4 de abril, o que levou a defesa do ex-presidente a pedir uma liminar que impedisse a prisĂ£o de Lula atĂ© essa data, o que foi acolhido pelos ministros.

Votaram a favor da liminar Rosa Weber, Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski, Gilmar Mendes, Marco Aurélio e Celso de Mello.

Os ministros Edson Fachin (relator), Alexandre de Moraes, LuĂ­s Roberto Barroso, Luiz Fux e a presidente, CĂ¡rmen LĂºcia, se manifestaram contra.

 

Crucificado

“Vi hoje nos jornais que estou sendo apontado como culpado, por honrar um compromisso que assumi com muita anterioridade, apontado como o causador do adiamento do processo contra o ex-presidente Lula, como se fosse para ontem o julgamento.

O Supremo nĂ£o tem apenas um processo, tem milhares de processos”, disse o ministro, que explicou que, caso Lula estivesse preso, o julgamento do habeas corpus teria urgĂªncia maior.

Marco AurĂ©lio Mello afirmou que os ministros do Supremo trabalham “em uma Ă©poca de patrulhamento sem igual”.

Ele afirmou que hĂ¡ um patrulhamento feito pelos veĂ­culos de comunicaĂ§Ă£o, “que Ă© atĂ© certo ponto positivo”, e outro patrulhamento que leva em conta “a visĂ£o leiga, mediante as redes sociais”.

O ministro do STF contou que hĂ¡ dois meses tem recebido cerca de mil mensagens em dois endereços de e-mail por dia, alĂ©m de telefonemas.

O magistrado disse que excluiu esses correios eletrĂ´nicos, ontem, e tambĂ©m pediu para que fossem alterados os telefones fixos de sua residĂªncia e do escritĂ³rio.

“Nunca vi coisa igual. Nos dois endereços na internet, cerca de mil mensagens por dia. E mensagens diferentes, o que revelam que a origem nĂ£o Ă© a mesma”, disse ele, que afirmou que as mensagens nĂ£o traziam ameaças.

“O patrulhamento Ă© muito grande. A sociedade tem que pensar que existem homens de bem. NĂ£o pode a sociedade presumir que todos sejam salafrĂ¡rios desde que provem o contrĂ¡rio”.

 

Foto: Tomaz Silva/EBC