Canetada de Bolsonaro que abriu mineraĂ§Ă£o em assentamentos pode cair
Documento aponta ausĂªncia de consulta prĂ©via e riscos socioambientais.

da RedaĂ§Ă£o do BNC AmazonasÂ
Publicado em: 04/04/2025 Ă s 11:37 | Atualizado em: 04/04/2025 Ă s 11:37
A Defensoria PĂºblica da UniĂ£o (DPU) solicitou ao Incra a revogaĂ§Ă£o imediata de uma instruĂ§Ă£o normativa. A norma foi editada em 2021 pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Ela permite atividades de mineraĂ§Ă£o em assentamentos da reforma agrĂ¡ria. AlĂ©m disso, autoriza empreendimentos de energia e infraestrutura. Entre eles estĂ£o linhas de transmissĂ£o, parques eĂ³licos e usinas solares.
O pedido da DPU foi assinado por representantes da Ă¡rea de Direitos Humanos em dez estados. Paralelamente, eles tambĂ©m enviaram o requerimento Ă presidĂªncia da AgĂªncia Nacional de MineraĂ§Ă£o (ANM).
Segundo o documento, a norma deixou de garantir salvaguardas essenciais. Mais especificamente, nĂ£o prevĂª mecanismos eficazes de consulta prĂ©via, livre e informada Ă s comunidades assentadas. Por consequĂªncia, acaba por violar direitos fundamentais dessas populações.
Ademais, o texto destaca a ausĂªncia de critĂ©rios tĂ©cnicos claros. A instruĂ§Ă£o nĂ£o apresenta mĂ©todos adequados para verificar a compatibilidade entre os empreendimentos e os objetivos da polĂtica agrĂ¡ria. Do mesmo modo, ignora dispositivos de proteĂ§Ă£o ambiental.
AlĂ©m disso, nĂ£o contempla medidas que assegurem a sustentabilidade socioeconĂ´mica dos territĂ³rios afetados.
Com base em um relatĂ³rio recente, a DPU identificou mais de 17 mil processos minerĂ¡rios relacionados a Ă¡reas de assentamento. Em sua maioria, esses processos estĂ£o concentrados nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
Entretanto, muitos deles nĂ£o possuem registro formal de anĂ¡lise sobre a compatibilidade com a reforma agrĂ¡ria. Dessa forma, colocam em risco os direitos das famĂlias assentadas.
Diante desse cenĂ¡rio, a DPU tambĂ©m solicitou a suspensĂ£o imediata de todos os processos de anuĂªncia em tramitaĂ§Ă£o. Esses processos se baseiam na normativa questionada. Conforme o pedido, a suspensĂ£o deve vigorar atĂ© que ocorra uma anĂ¡lise criteriosa dos impactos sociais, ambientais e fundiĂ¡rios.
AlĂ©m do mais, a defensoria propĂ´s a criaĂ§Ă£o de um banco de dados nacional. Esse sistema reuniria informações detalhadas sobre todos os empreendimentos incidentes em Ă¡reas de reforma agrĂ¡ria.
Por fim, o Incra e a ANM tĂªm 30 dias para responder formalmente Ă s recomendações e questionamentos apresentados pela DPU.
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