Ex-mulher e filho de desembargador sĂ£o polĂªmica da eleiĂ§Ă£o ao TRE-AM

Publicado em: 01/03/2018 Ă s 06:54 | Atualizado em: 01/03/2018 Ă s 07:43
Por Rosiene Carvalho, Da RedaĂ§Ă£o
O filho de um desembargador e a ex-mulher de outro desembargador disputam espaço na lista trĂplice de membro titular do Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas (TRE-AM) que serĂ¡ definida no dia 13 de março pelo pleno do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJ-AM).
A presença dos nomes de Felipe Thury, filho do corregedor do TJ-AM, e da advogada Giselle Falcone Medina Pascarelli Lopes, ex-mulher do presidente do TJ-AM, FlĂ¡vio Pascarelli Lopes, reacende a polĂªmica sobre as articulações de bastidores e nepotismo na indicaĂ§Ă£o de membros do poder judiciĂ¡rio.
Os dois disputam vaga com outros cinco advogados.
No centro da polĂªmica estĂ¡ a resoluĂ§Ă£o aprovada em abril do ano passado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), com regras a serem seguidas pelos tribunais de Justiça na hora de escolher os nomes para indicaĂ§Ă£o aos tribunais regionais (TREs), em que hĂ¡ a determinaĂ§Ă£o de que a lista deve evitar nepotismo e tambĂ©m exigir pelo menos dez anos de advocacia dos indicados.
O nome de Felipe Thury, que Ă© o atual dono da vaga e cujo o mandato se encerra em maio, ainda tĂªm mais controvĂ©rsias. É que o pai dele, o desembargador e atual corregedor do TJ-AM, AristĂ³teles Thury, Ă© um dos inscritos (e considerado favorito) para a vaga de corregedor eleitoral.
Ou seja, pai e filho disputam vagas para atuarem ao mesmo tempo no mesmo tribunal.
Advogados apontam o parĂ¡grafo 6 do artigo 25 do CĂ³digo Eleitoral como um entrave para os dois. Este dispositivo determinava que a composiĂ§Ă£o dos tribunais regionais eleitorais nĂ£o deveria admitir “pessoas que tenham entre si parentesco, ainda que por afinidade, atĂ© o 4º grau, seja o vĂnculo legĂtimo ou ilegĂtimo, excluindo-se neste caso a que tiver sido escolhida por Ăºltimo”.
O artigo que trata sobre a composiĂ§Ă£o dos tribunais regionais foi revogado, mas a regra continua valendo no CĂ³digo Eleitoral para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Este tipo de impedimento jĂ¡ foi invocado hĂ¡ uns oito anos quando o desembargador Yedo Simões concorreu a uma das vagas do TRE-AM, durante o mandato do irmĂ£o dele, o juiz Elci Simões. Na ocasiĂ£o, o MinistĂ©rio PĂºblico Federal (MPF) alertou que a indicaĂ§Ă£o era incorreta.
Os eleitores das duas vagas sĂ£o os desembargadores do TJ-AM e a escolha dos representantes do tribunal no TRE-AM serĂ¡ feita cerca de 15 dias apĂ³s a eleiĂ§Ă£o do membro da OAB para o eleitoral.
A escolha dos dois desembargadores que terĂ£o mandato de dois anos no TRE-AM Ă© terminativa no TJ-AM. Mas as dos membros representantes da OAB-AM passa pela formaĂ§Ă£o de lista trĂplice do TJ, depois por uma avaliaĂ§Ă£o no TRE, TSE e, por fim, Ă© liberada para a escolha do presidente da RepĂºblica Michel Temer (MDB), que jĂ¡ tem uma lista de outra vaga “segura” na gaveta desde que grupos polĂticos adversĂ¡rios passaram a disputar a indicaĂ§Ă£o da mesma.
No final da sessĂ£o de terça-feira, dia 27, o desembargador AristĂ³teles Thury foi abordado sobre o assunto pelo BNC. A reportagem questionou se o filho dele inviabilizava sua candidatura Ă vaga de corregedor do TRE-AM. “Isso nĂ£o existe. A regra permite. É sĂ³ ler”, respondeu.
Os demais candidatos Ă vaga de jurista titular do TRE-AM sĂ£o: Bartolomeu Ferreira Azevedo JĂºnior, que hoje Ă© jurista substituto e advoga para o vice-presidente da ALE-AM e presidente do Podemos, Abadala Fraxe; Francisco Nascimento, que foi membro do TRE-AM hĂ¡ mais de oito anos e convidado a se retirar da Corte pelo CNJ em funĂ§Ă£o do fim do mandato – na ocasiĂ£o nĂ£o havia substituto para a vaga dele e a gestĂ£o da Ă©poca tentou prolongar o tempo dele na corte.
TambĂ©m concorrem Ă vaga Maria Auxiliadora dos Santos Benigno, advogada eleitoralista, que atua hĂ¡ anos no TRE-AM e advogada do PSD do senador Omar Aziz (PSD); Rosely de Assis Fernandes; e Vasco Macedo Vasques, que jĂ¡ foi jurista do TRE-AM.
Foto: DivulgaĂ§Ă£o