Seca no Amazonas: o desafio de moradores no ‘deserto’ para ter água para beber
Em Maraã, comunidade mura luta por água potável em plena vazante histórica, enfrentando trajetos exaustivos e calor intenso.

Adríssia Pinheiro, da Redação do BNC Amazonas
Publicado em: 29/10/2024 às 14:45 | Atualizado em: 29/10/2024 às 19:26
Os moradores da aldeia Nossa Senhora de Fátima, no município de Maraã, pertencente ao povo mura, enfrentam uma dura realidade durante este período de vazante histórica, mesmo vivendo em um estado que abriga os maiores mananciais de água doce do mundo.
Apesar dessa riqueza hídrica, o não preparo prévio à seca, como a implantação de um poço artesiano, os obriga a consumir água não potável do rio Japurá, colocando em risco a saúde da comunidade.
Em um vídeo gravado por uma agente de saúde indígena, no último sábado (26), ela registra os efeitos da seca extrema, com as famílias acordando antes do amanhecer para buscar água, em uma distância de quase 600 metros, evitando o sol que se torna insuportável à medida que o estirão de areia esquenta pelo caminho.
A rotina, que deveria ser simples, se transforma em um verdadeiro desafio, amenizado apenas quando chove, pois os moradores coletam água da chuva em seus tanques para consumir e satisfazer outras necessidades, como a higiene pessoal, por exemplo.
Aos sábados, essa luta pela água é reforçada, já que as crianças que não estão na escola ajudam os adultos na coleta.
O esforço coletivo é evidente, com a participação até da tuxaua, líder da aldeia, e idosos.
Juntos, eles percorrem longas distâncias até o rio, onde a água, embora um pouco mais abundante, é imprópria para consumo neste momento.
É uma lição de resistência e solidariedade, onde cada membro da comunidade contribui para garantir que todos tenham acesso a um recurso tão básico.
No entanto, essa luta diária revela a fragilidade da situação e a urgência de soluções por parte do poder público.
O vídeo serve como um clamor da comunidade, que serve para outras centenas, por um poço artesiano que aliviaria sobremaneira esse sofrimento.
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Foto: reprodução/vídeo