Galeria do largo abre exposição ‘9 encontros’, de Silvana Macedo
A exposição tem entrada gratuita. O trabalho se desdobra a partir de nove árvores medicinais amazônicas

Dassuem Nogueira, da Redação do BNC Amazonas
Publicado em: 09/08/2024 às 11:54 | Atualizado em: 09/08/2024 às 11:54
Nesta sexta-feira, 9 de agosto, às 18h30, será a abertura da exposição “9 encontros”, de Silvana Macedo e curadoria de Juliana Crispe, na galeria do largo de São Sebastião, no entorno do Teatro Amazonas, no centro de Manaus.
A exposição tem entrada gratuita e poderá ser visitada até 1º de dezembro.
São 40 obras frutos da pesquisa de pós-doutorado de Silvana, intitulada “Reflorestar a si”, desenvolvida em 2023 no Programa de Pós-Graduação em Letras e Artes da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), com apoio do Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais, do Instituto Nacional de Pesquisas Amazônicas (Inpa).
A exposição se chama “9 encontros” porque o trabalho se desdobra a partir de nove árvores medicinais amazônicas: breuzinho, samaúma, apuí, castanheira, pau d’arco, imburana de cheiro, mulateiro, massaranduba e carapanaúba.
No dia seguinte, dia 10, às 18h30, no mesmo local, ocorrerá uma roda de conversa sobre o tema “Arte, biologia e saberes ribeirinhos”, com a artista, a curadora Juliana Crispe, o diretor da galeria do largo Cristóvão Coutinho, Evany Nascimento, Alberto Vicentini, Thamires Macedo e Moacir Biondo.
Além da roda de conversa, acontecerá o lançamento do livro de artista de Silvana intitulado “Corpo floresta”.

Um chamado da selva
Silvana é artista visual natural de Goiás. No começo de sua carreira, na década de 90, ela fez um trabalho semelhante no bioma do seu estado.
“Desde muito jovem, a questão ambiental é uma fonte geradora de muitos movimentos dentro de mim e de meu trabalho artístico”, disse ao BNC Amazonas .
A artista visual afirmou que as águas do Cerrado são importantes para a formação de parte dos rios amazônicos. E foi seguindo essa conexão entre biomas que Silvana, que significa “da selva”, chegou à Amazônia.
Assim, a partir dos saberes de mateiros, curandeiras e indígenas, ela desenvolveu seu trabalho sobre as nove árvores, tendo quase nove encontros.
Isso porque ela não conseguiu se encontrar com a imburana de cheiro nativa na floresta. Pois, a árvore que também é conhecida como a cerejeira da Amazônia, está em extinção, difícil de ser encontrada entre Manaus e Roraima, zona da pesquisa de Silvana.
Embora tenha realizado seu pós-doutorado no ano passado, a artista iniciou esse trabalho em 1994.
Na época, Silvana chegou a passar três meses em uma floresta de Roraima pintando as árvores. Mas, não conseguiu terminar o projeto.
Recentemente, inspirada pelas mulheres com quem trabalha em ações de feminismos comunitários, a artista voltou a desenvolvê-lo por meio do pós-doc no Programa de Pós-Graduação em Letras e Artes da UEA e apoio do Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais, do Inpa.
Inclusive, uma das obras da exposição é uma pintura da primeira versão do projeto que ela guarda há 30 anos.
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Arte e inovação
A exposição é uma confluência de arte, ecologia e saberes medicinais tradicionais.
O encontro com essas árvores é uma estratégia, enquanto artista visual, de superação da mentalidade racionalista da sociedade industrial moderna.
Além disso, Silvana também se encantou pelas pessoas que cresceram nas florestas e tem um saber que é oral.
“Apesar de não haver nenhuma imagem de indígenas ou ribeirinhos, há essa presença. Não é só o encontro com as árvores, mas o encontro com essas pessoas que foram fundamentais para o trabalho”, disse a artista.
Fotos: divulgação