Amazônia: bancos vão cortar crédito se gado saiu de área desmatada
Frigoríficos serão monitorados, diz entidade dos banqueiros.

Ednilson Maciel, da Redação do BNC Amazonas
Publicado em: 15/04/2024 às 11:20 | Atualizado em: 15/04/2024 às 11:27
A Federação Brasileira de Bancos (Febraban) vai cortar créditos de grande frigoríficos brasileiros se animais bovinos saíram de área desmatada na Amazônia.
Nesse sentido, a entidade lançou em maio passado uma norma de regulamentação para garantir que os animais abatidos não tenham passado por áreas desmatadas.
Conforme o portal Reset, a medida prevê que as empresas que não fizerem o rastreamento completo de suas cadeias de fornecimento não poderão mais receber crédito a partir de janeiro de 2026.
Como resultado, ao todo, 21 bancos aderiram à normativa, entre eles instituições relevantes no crédito ao agronegócio, como Bradesco, Itaú, Banco do Brasil e Sicredi.
Assim, a norma pede os números absolutos das cabeças de gado abatidas e quantas delas passaram por áreas devastadas.
Contudo, algumas empresas reportaram apenas porcentagens, alegando segredo comercial.
Além disso, as companhias discutem com a Febraban uma maneira de divulgar os números de abate somente para os bancos, sem divulgação pública.
Eventuais ajustes nos requisitos, segundo a associação dos bancos, “deverão passar pela governança da Febraban, que permite revisões periódicas desde que aprovadas nas instâncias responsáveis”.
Um executivo de uma importante instituição financeira e que participou da criação do normativo afirma não entender os motivos de o setor pecuário ficar tão receoso em divulgar informações de produção.
Há algum impedimento da Volkswagen informar quantos carros produziu no ano? Da Fiat? Da Chevrolet? Que questão concorrencial é essa que não posso dizer quantas cabeças de gado eu abati no ano? Por que é tão confidencial?
Monitoramento
O monitoramento das cadeias de gado é um tema cada vez mais presente para os frigoríficos brasileiros, que vêm sendo alvo de escrutínio de diferentes lados nos últimos anos.
Segundo a publicação, hoje, os frigoríficos já conseguem provar que seus fornecedores diretos não estão associados a desmatamento. O problema são os fornecedores desses fornecedores.
É que no Brasil os animais passam por diversas fazendas ao longo de sua vida antes de chegar ao abate. Ter visibilidade dessa cadeia inteira, que envolve milhares de propriedades rurais, é um desafio enorme.
Além dos bancos brasileiros, os importadores da União Europeia também exigirão o rastreamento completo já a partir de janeiro de 2025, quando começa a vigorar a Lei Antidesmamento nos 27 países do bloco.
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Foto: divulgação/Ibama