8 de Janeiro: por omissĂ£o, STF põe cĂºpula da PM-DF no banco dos rĂ©us

A conduta dos agentes teria favorecido a invasĂ£o e a depredaĂ§Ă£o dos prĂ©dios dos TrĂªs Poderes em BrasĂ­lia

Publicado em: 21/02/2024 Ă s 20:33 | Atualizado em: 21/02/2024 Ă s 20:33

O Supremo Tribunal Federal colocou no banco dos rĂ©us sete oficiais da antiga cĂºpula da PolĂ­cia Militar do Distrito Federal acusados pela Procuradoria-Geral da RepĂºblica de suposta omissĂ£o ante os atos golpistas de 8 de janeiro.

Segundo a Procuradoria, a conduta dos agentes teria favorecido a invasĂ£o e a depredaĂ§Ă£o dos prĂ©dios dos TrĂªs Poderes em BrasĂ­lia.

O MinistĂ©rio PĂºblico Federal sustenta que a invasĂ£o aos prĂ©dios pĂºblicos ‘sĂ³ foi possĂ­vel porque as linhas de contenĂ§Ă£o e defesa nĂ£o foram montadas de forma eficiente pelos altos oficiais da PolĂ­cia Militar do DF denunciados, que aderiram psicologicamente aos crimes praticados pela horda’.

A denĂºncia foi recebida por unanimidade pela Primeira Turma do STF em sessĂ£o virtual encerrada nesta terça, 20.

O caso tramita em segredo de Justiça. Com a decisĂ£o, os militares passam a responder por crime de omissĂ£o, combinado com aboliĂ§Ă£o violenta do Estado DemocrĂ¡tico de Direito, golpe de Estado, deterioraĂ§Ă£o de patrimĂ´nio tombado e dano qualificado.

Isso porque o emprego de efetivo policial insuficiente e a ausĂªncia de medidas que deveriam ter sido adotadas proporcionaram condições necessĂ¡rias para os atos cometidos pela multidĂ£o, segundo a Procuradoria.

Os sete militares agora rĂ©us foram os primeiros agentes pĂºblicos denunciados na esteira dos atos antidemocrĂ¡ticos, informou a PGR. Segundo a denĂºncia, condutas como o emprego de efetivo policial insuficiente e a ausĂªncia de medidas que poderiam ter sido adotadas ‘proporcionaram condições necessĂ¡rias’ para o 8 de janeiro.

A Procuradoria sustenta que os acusados ‘se mantiveram inertes durante as invasões e as depredações, em descumprimento com os deveres institucionais de proteĂ§Ă£o e vigilĂ¢ncia, quando poderiam e deveriam evitar as ações criminosas cometidas’.

“Milhares de pessoas superaram facilmente as barreiras policiais que deveriam impedir o acesso Ă  Praça dos TrĂªs Poderes e Ă s sedes dos Poderes Legislativo, Executivo e JudiciĂ¡rio”, diz um trecho da denĂºncia.

A PGR anexou Ă  denĂºncia vĂ­deos que ‘demonstram a inĂ©rcia dos militares no momento da invasĂ£o e das depredações’. TambĂ©m foram apresentadas mensagens entre os militares ‘evidenciando descontentamento’ com o resultado das eleições de 2022.

A denĂºncia indica que, nas conversas, ‘os mais altos oficiais da PM compartilhavam informações falsas sobre fraudes eleitorais e a expectativa de mobilizaĂ§Ă£o popular para impedir a posse do novo presidente’.

“Havia um alinhamento ideolĂ³gico e de propĂ³sitos entre os denunciados e aqueles que pleiteavam uma intervenĂ§Ă£o das Forças Armadas”, aponta a Procuradoria.

Um acusado teria determinado Ă s tropas sob seu comando que deixassem a linha de contenĂ§Ă£o montada em frente ao Supremo Tribunal Federal, viabilizando o avanço dos radicais.

Outro denunciado teria permitido a invasĂ£o do Congresso e, logo apĂ³s, deixado o local com sua tropa.

O relator do caso no STF, ministro Alexandre de Moraes, ressaltou ao votar pelo recebimento da denĂºncia que ‘os indĂ­cios apontados revelam que atuaĂ§Ă£o isolada ou conjunta dos oficiais de alta patente denunciados teria sido suficiente para evitar os resultados lesivos ocorridos’.

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