PetrĂ³leo e gĂ¡s: como mercado e acionistas veem fusĂ£o Eneva-Vibra

A fusĂ£o entre Eneva e Vibra enfrenta desafios devido Ă  avaliaĂ§Ă£o crĂ­tica da relaĂ§Ă£o de troca de ações entre as empresas, suscitando debates sobre sua viabilidade e equilĂ­brio no mercado.

Publicado em: 28/11/2023 Ă s 13:56 | Atualizado em: 28/11/2023 Ă s 13:56

A proposta de fusĂ£o entre Eneva e Vibra (ex-BR Distribuidora) tem gerado debate no mercado, com destaque para a questĂ£o da relaĂ§Ă£o de troca de ações entre as empresas, um ponto crĂ­tico levantado por analistas e acionistas.

Com a Vibra avaliada em R$ 25 bilhões e a Eneva em R$ 20,7 bilhões, a proposta de ambas deterem 50% cada na nova empresa combinada Ă© contestada pela Dynamo e Squadra, gestoras minoritĂ¡rias, e por analistas do mercado.

A proposta da Eneva, apresentada Ă  Vibra no domingo, leva em consideraĂ§Ă£o a variaĂ§Ă£o do valor das ações nos Ăºltimos 12 meses para equilibrar a participaĂ§Ă£o.

Em 64% dos pregões desse perĂ­odo, o valor da Eneva superou o da Vibra. Ainda assim, analistas questionam a lĂ³gica da fusĂ£o, considerando a diferença de avaliaĂ§Ă£o de mercado entre as duas empresas.

O BB Investimentos, ao avaliar a proposta, destaca potenciais sinergias e oportunidades, mas alerta para riscos considerĂ¡veis aos acionistas minoritĂ¡rios, especialmente diante da diferença de 23% no valor de mercado entre as empresas.

A Squadra, acionista da Vibra, jĂ¡ manifestou intenĂ§Ă£o de se opor Ă  fusĂ£o, enquanto o BTG Pactual, com aproximadamente 30% da Eneva, propõe incorporar tĂ©rmicas, o que impactaria sua fatia.

Apesar das crĂ­ticas e possĂ­veis resistĂªncias, a Eneva nĂ£o tem intenĂ§Ă£o de revisar a proposta, que tem um prazo de 15 dias para a combinaĂ§Ă£o de ativos entre as duas empresas.

A fusĂ£o, se concretizada, resultaria em uma grande empresa do setor de energia, abrangendo desde a prospecĂ§Ă£o e exploraĂ§Ă£o de combustĂ­veis atĂ© a geraĂ§Ă£o, comercializaĂ§Ă£o e distribuiĂ§Ă£o de energia.

AlĂ©m das questões relacionadas Ă  fusĂ£o, o uso da marca “BR” no contexto da privatizaĂ§Ă£o da BR Distribuidora tambĂ©m estĂ¡ em pauta. A Petrobras, contudo, nega a intenĂ§Ă£o de recomprar a Vibra.

O processo de fusĂ£o estĂ¡ sujeito a diversas aprovações, incluindo a do Conselho Administrativo de Defesa EconĂ´mica (Cade) e de entidades reguladoras, como a AgĂªncia Nacional de Energia ElĂ©trica (Aneel) e a AgĂªncia Nacional do PetrĂ³leo, GĂ¡s Natural e BiocombustĂ­veis (ANP).

O debate em torno da fusĂ£o evidencia nĂ£o apenas as complexidades financeiras e de mercado envolvidas, mas tambĂ©m as diversas considerações estratĂ©gicas e regulatĂ³rias que permeiam uma operaĂ§Ă£o dessa magnitude.

O desdobramento dos prĂ³ximos passos dependerĂ¡, em grande parte, das negociações entre as partes interessadas e da avaliaĂ§Ă£o dos Ă³rgĂ£os reguladores.

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Foto: divulgaĂ§Ă£o