Ciranda Flor Matizada pede bênçãos

Ontem, antes do ensaio, o pároco da Igreja de Nossa Senhora de Nazaré, padroeira de Manacapuru, encorajou os cirandeiros da Flor Matizada, e estendeu sua bendição às demais agremiações.

Cirandas de Manacapuru: sem disputa de torcidas e Constância

Por Dassuem Nogueira, especial para o BNC Amazonas*

Publicado em: 29/08/2023 às 17:30 | Atualizado em: 29/08/2023 às 17:30

Começaram na noite de segunda-feira, 28 de agosto, os ensaios técnicos do 25º Festival de Cirandas de Manacapuru. A Ciranda Flor Matizada abriu os ensaios técnicos no parque do Ingá em Manacapuru.

Ela abrirá a competição na sexta-feira, seguida de Ciranda Guerreiros Mura e Tradicional, no sábado e domingo, respectivamente.

Neste ano ano, o maior festival de cirandas do país, retoma uma disputa que foi interrompida ano passado.

Então, um grave acidente paralisou a competição.

Um guindaste erguia uma alegoria com 20 brincantes e 3 técnicos de segurança a uma altura de 10 metros. A alegoria desabou no meio da apresentação da Ciranda Flor Matizada. Foram 26 feridos entre os que dançavam e trabalhavam na arena do parque do Ingá.

Uma cirandeira faleceu uma semana depois.

Ontem, antes do ensaio, o pároco da Igreja de Nossa Senhora de Nazaré, padroeira de Manacapuru fez uma pregação. Padre Inácio encorajou os cirandeiros da Flor Matizada, e estendeu sua bendição às demais agremiações.

Em sua fala, ele ressaltou que a Flor Matizada foi assombrada pelo medo. O padre lembrou que coisas ruins, infelizmente, acontecem. Mas que, em momentos de medo, é preciso ter coragem. E que alegrar os corações, agrada a Deus.

Após a bendição do padre, os cirandeiros, posicionados em meia lua diante do padre, soltaram balões brancos. O momento de fé emocionou o público.

O segundo acidente em um ano

A fala do padre vem de encontro a outro acidente em festival popular no Amazonas. Na última sexta, dia 25, um grave acidente aconteceu em meio ao Festival Folclórico de Humaitá.

Vídeos sobre o acidente no sul do Amazonas circularam nas redes sociais e ganharam espaço nos jornais nacionais. Nele se vê uma alegoria cair com uma brincante a uma altura de cerca de 8 metros. Ela passa bem.

Assim, em um ano, esse é o segundo acidente envolvendo guindaste em festivais populares no Estado. Isso leva a pensar sobre a necessidade da rigorosa fiscalização por parte dos órgãos competentes.
Os festivais populares pela Amazônia têm se esforçado para apresentarem grandiosos espetáculos a exemplo de Parintins. Nele, guindastes suspendem divas e alegorias a muitos metros de altura.

É preciso fiscalização

É preciso lembrar que, atualmente, o Festival de Parintins é bastante fiscalizado. Mas, incontáveis acidentes com vítimas fatais aconteceram para que se chegasse a isso.

Desde o transporte das alegorias que se embrenhavam com fios de alta tensão, a incêndios nos galpões e na arena, nunca se contabilizou o total de vítimas.

O mais lembrado é o acidente com a cunhã-poranga Jaqueline Marques em 1994. O cabo de aço suspenso de um lado ao outro do bumbódromo, se rompeu e ela caiu.

O acidente, custou milhões em indenizações para o Boi Garantido e em esforço de vida na reabilitação dos pés da cunhã.

Assim, como diz Padre Inácio, devemos sim alegrar nossos corações. Mas no mundo terreno, devemos redimensionar a segurança a fim de preservar a vida e a alegria.

Acidentes desse tipo acabam com a festa. Não só pela alegria que se converte em medo, mas no alto investimento em recursos que então se amiúda.

Ano passado, em Manacapuru, após o acidente, as outras cirandas se apresentaram a fim de fazer justiça aos recursos investidos, inclusive públicos, mas não houve mais espaço para competição.

Então, é possível aprender com os erros do passado do festival de Parintins e ir direto para o momento em que são duramente fiscalizados.

Foto: Dassuem Nogueira/especial para o BNC Amazonas