Ações pela Amazônia são destaques do prêmio Megafone de Ativismo
Entre os finalistas estão trabalhos de oito artistas amazonenses e o filme “Agachados”, da agência Amazônia Real

Antônio Paulo, do BNC Amazonas em Brasília
Publicado em: 05/04/2023 às 18:28 | Atualizado em: 05/04/2023 às 18:28
A projeção de obras de oito artistas amazonenses, em copas de árvores à beira do rio Negro (AM), assim como o filme “Agachados”, sobre as enchentes do rio Negro, produção agência de notícias ambientais Amazônia Real, também do Amazonas, estão entre os finalistas do prêmio Megafone 2022 – primeira premiação do ativismo brasileiro.
Em Manaus, ativistas substituíram muros e paredes por árvores, percorrendo o rio Negro com um barco equipado com projetores. Esse é o “Projeta Amazônia”, com projeções nas copas de algumas obras de artistas do Amazonas.
Já o filme “Agachados”, sobre as enchentes do rio Negro, outra produção amazonense (agência Amazônia Real), promove uma reflexão sobre o racismo ambiental e a crise climática. Também concorre a música que denuncia a exclusão das populações locais dos planos para a Ilha de Marajó.
Além desses trabalhos, o ato em defesa do rio Arapiuns (PA), feito nas águas, com pequenos barcos comuns na região, assim como o Guia Amazônia Legal e o Futuro do Brasil, que denuncia o impacto ambiental do último governo, nos 9 estados que compõem a região, também concorrem à final do Megafone 2022.
Entre os trabalhos realizados no ano passado, unindo arte e ativismo em prol da Amazônia, estão também iniciativas, denunciando a violência na região, tais como a série de manifestações em todo o Brasil por ocasião dos 26 anos do massacre em Eldorado dos Carajás.
Genocídio ianomâmi
De outra forma, a manifestação contra o genocídio dos ianomâmis, ocorrida em Boa Vista/RR, a denúncia contra assassinatos na Amazônia e o cartaz pedindo justiça para o assassinato do ambientalista Bruno Pereira e do jornalista Dom Phillips também são concorrentes.
A questão indígena se fez presente em finalistas, como a ocupação de lideranças indígenas pela demarcação de seus territórios no Acre, o ato em defesa dos povos da floresta no 10º fórum social pan-amazônico e o filme “O Território”, sobre a invasão de terras indígenas em Rondônia.
Jovens ativistas
Entre os jovens ativistas que concorrem ao “Megafone 2022” estão Bia Caminha, jovem negra, bissexual e feminista, que foi a vereadora mais jovem eleita em Belém (PA); Beka Munduruku, ativista indígena que usa a comunicação para denunciar os impactos do garimpo; e Raiara Barros, ativista de Xapuri, no Acre, cidade de Chico Mendes.
Na mesma categoria, concorre Txai Suruí, fundadora do Movimento da Juventude Indígena de Rondônia e uma das mais influentes vozes do movimento indígena brasileiro, concorre ao Megafone do Ano.
Na categoria “Cidadão Indignado”, 80% dos finalistas são das regiões Norte e Nordeste, que respondem também por 60% dos finalistas nas categorias Ação Direta e Jovem Ativista. Nesta última, todas as finalistas são mulheres. Na categoria Cidadão Indignado, todos os finalistas são negros.
Os premiados serão revelados a partir de 10 de abril pelas redes sociais em vídeos protagonizados pela atriz e humorista Nathalia Cruz e receberão um troféu, que é também uma obra de arte feita pelo artivista Mundano.
Diversidade de temas
Uma das características do prêmio Megafone de Ativismo é mostrar quais foram as questões que mais movimentaram a sociedade no ano passado por meio das ações escolhidas, com finalistas em suas 14 categorias. Na primeira edição, os concorrentes traduziam o cenário gerado pela pandemia da covid-19 e questões socioambientais.
Nesta segunda edição, a democracia marcou presença, junto com temas relacionados a direitos humanos, tais como violência contra a mulher, discriminação racial, desigualdade social e justiça climática.
Houve um aumento de 20% nas inscrições, que vieram de todas as regiões do Brasil, com destaque para as regiões Norte e Nordeste, que juntas representam 45% das inscrições.
“A segunda edição do Prêmio Megafone ampliou a diversidade de temas e impressiona pela qualidade e criatividade das ações. Também é marcante a maior presença de mulheres e jovens entre os inscritos e os finalistas”, detalha Digo Amazonas, do Megafone Ativismo, organização responsável pelo prêmio, junto a uma coalizão formada por Greenpeace Brasil, Pimp My Carroça, WWF Brasil, Engajamundo, Instituto Socioambiental e Sumaúma.
Categorias e finalistas:
Filme “Agachados”
Foto: Alex Fideles/ BNC