Racismo: Nelson Piquet pode ser condenado por falas contra Hamilton
Em nota, o MP relembrou que o procedimento investigatório criminal instaurado para apurar a injúria racial foi arquivado por desinteresse da vítima.

Diamantino Junior
Publicado em: 10/03/2023 às 20:07 | Atualizado em: 10/03/2023 às 20:07
O Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios (MPDFT) pediu na quarta-feira (08/3) a condenação do ex-piloto de Fórmula 1 Nelson Piquet por ofensas racistas e homofóbicas contra o corredor Lewis Hamilton.
O caso investigado ocorreu em 2021, mas repercutiu nas redes sociais em 2022, quando uma entrevista do corredor brasileiro, em que ele fala as ofensas, foi publicada.
Nas imagens, é possível ouvir o ex-piloto chamando o heptacampeão de “neguinho” ao comentar um acidente envolvendo o inglês e Max Verstappen durante o Grande Prêmio de Silverstone de Fórmula 1, na Inglaterra.
“O neguinho meteu o carro de não deixou (Verstappen desviar). O neguinho deixou o carro porque não tinha como passar dois carros naquela curva. Ele fez de sacanagem. A sorte dele foi que só o outro se f*deu. Fez uma p*ta sacanagem”, criticou Piquet, em entrevista ao jornalista Ricardo Oliveira.
Em outro momento o corredor chegou a dizer que o “O ‘neguinho’ devia estar dando mais o c* naquela época”.
O Correio teve acesso ao parecer do MPDFT sobre o processo que pede R$ 10 milhões de indenização a Hamilton e o valor deve ser utilizado para abrir editais a órgãos que defendem temas e questões envolvendo os grupos atingidos. Em nota, o MP relembrou que o procedimento investigatório criminal instaurado para apurar a injúria racial foi arquivado por desinteresse da vítima.
Repercussão na época
Na época em que as falas vieram a tona, Hamilton se pronunciou pedindo que as “vozes antigas” da F1 sejam ignoradas e exigiu uma “mudança de mentalidade” em protesto contra o racismo.
Como forma de repúdio ao caso, a Fórmula 1 se pronunciou na época do caso e decidiu banir o ex-piloto do paddock das provas da categoria.
Piquet justificou as falas na época e pediu desculpas publicamente para Lewis Hamilton: “Peço desculpas de todo o coração a todos que foram afetados, incluindo Lewis, que é um piloto incrível, mas a tradução em algumas mídias que agora circulam nas redes sociais não está correta. A discriminação não tem lugar na F-1 ou na sociedade e estou feliz em esclarecer meus pensamentos a esse respeito”.
Leia mais na matéria de Camilla Germano publicada no site do Correio Braziliense
Foto: reprodução Carta Capital