Zambelli se curva a Moraes e deixa Bolsonaro irritado: ‘Traidora’

Deputada disse, em entrevista, que a prioridade dela agora não é mais defender Bolsonaro, mas sim atacar o presidente Lula (PT).

Publicado em: 23/02/2023 às 13:00 | Atualizado em: 23/02/2023 às 13:10

O movimento da deputada federal Carla Zambelli em direção à uma trégua com ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, foi visto pelo ex-presidente Jair Bolsonaro como ato de traição.

Segunda matéria publicada pela jornalista Mônica Bergamo, Bolsonaro afirmou a interlocutores com quem mantém contato direto no Brasil que foi traído pela deputada federal Carla Zambelli (PL-SP).

Bolsonaro disse acreditar que a parlamentar fez um acordo com o ministro para retornar às redes sociais e se ver livre da ameaça de ser presa.

Ele teve essa certeza no dia 6 de fevereiro, quando leu a notícia de que o magistrado tinha permitido que Zambelli reativasse suas redes, então suspensas por ordem do tribunal.

Na decisão em que desbloqueou os perfis dela no Facebook, Twitter, Instagram, TikTok, Gettr, WhatsApp e Linkedin, o magistrado afirma que houve “a cessação”, por parte de Zambelli, “de conteúdos revestidos de ilicitudes e tendentes a transgredir a integridade do processo eleitoral”.

Num primeiro momento, a reação de Bolsonaro pareceu exagerada a seus amigos e auxiliares com quem mantém contato direto.

Eles creditavam as falas ao que definem como paranoia do ex-presidente, que sempre desconfiaria de tudo e de todos ao seu redor, acreditando apenas na lealdade de seus próprios filhos.

Nesta quinta (23/2), a deputada reforçou a desconfiança do entorno de Bolsonaro com suas próprias palavras: ela deu uma entrevista à Folha repleta de críticas a Bolsonaro e de recados de pacificação ao STF.

Zambelli disse, por exemplo, que a prioridade dela agora não é mais defender Bolsonaro, mas sim atacar o presidente Lula (PT).

“Eu tinha o papel de defender Bolsonaro e o governo, qualquer um que os atacasse tinha que virar um alvo meu. Nesta legislatura, Bolsonaro não é mais presidente, então nosso alvo tem que ser Lula, seus feitos e desfeitos”, afirmou.

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Disse ainda que atacava o Supremo para “proteger” o ex-presidente. E admitiu que partiu dela a iniciativa de lançar uma ponte de diálogo com Alexandre de Moraes para inclusive protegê-lo do PT.

“Liguei [para Alexandre de Moraes] e mandei um e-mail. Alguns dias depois, minha rede foi devolvida, pode ter sido um gesto. Estou à disposição dele para conversar. Porque ele vai ser um alvo do PT daqui a pouco. O PT não vai se contentar em indicar somente os dois ministros que vão se aposentar”, afirmou ela na entrevista.

Leia mais na coluna da jornalista Mônica Bergamo publicada no site do jornal Folha de S.Paulo

Foto: Pablo Valadares/Câmara dos Deputados