TransiĂ§Ă£o de Lula estuda acabar com militarizaĂ§Ă£o do GSI

Atualmente, o GSI estĂ¡ sob o comando do general Augusto Heleno, nome da extrema confiança do presidente Jair Bolsonaro, e mantĂ©m sob seu guarda-chuva a AgĂªncia Brasileira de InteligĂªncia (Abin)

Publicado em: 03/12/2022 Ă s 10:17 | Atualizado em: 03/12/2022 Ă s 10:18

A equipe da transiĂ§Ă£o de governo vem debatendo a desmilitarizaĂ§Ă£o do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e a nomeaĂ§Ă£o de um civil para chefiĂ¡-lo. Cabe ao Ă³rgĂ£o fazer a segurança pessoal do presidente da RepĂºblica, do vice e seus familiares, alĂ©m de coordenar atividades de inteligĂªncia federal. Atualmente, o GSI estĂ¡ sob o comando do general Augusto Heleno, nome da extrema confiança do presidente Jair Bolsonaro, e mantĂ©m sob seu guarda-chuva a AgĂªncia Brasileira de InteligĂªncia (Abin).

Os nomes dos integrantes do grupo de trabalho de InteligĂªncia EstratĂ©gia da transiĂ§Ă£o foram publicados na sexta-feira (02/12) no DiĂ¡rio Oficial da UniĂ£o.

Foi o Ăºltimo dos nĂºcleos temĂ¡ticos a ser formado. Ele serĂ¡ coordenado pelo delegado da PolĂ­cia Federal Andrei Rodrigues, responsĂ¡vel pela segurança do presidente eleito Luiz InĂ¡cio Lula da Silva atĂ© a data da posse, em 1º de janeiro.

AlĂ©m dele, foram escalados para o grupo o doutor em CiĂªncia da InformaĂ§Ă£o Vladimir de Paula Brito e trĂªs servidores.

O debate sobre a desmilitarizaĂ§Ă£o ganhou força apĂ³s a divulgaĂ§Ă£o do vĂ­deo em que um sargento da Marinha lotado no Ă³rgĂ£o, Ronaldo Travassos, afirmou que Lula nĂ£o assumirĂ¡ a PresidĂªncia no mĂªs que vem.

Na avaliaĂ§Ă£o de integrantes da transiĂ§Ă£o, o episĂ³dio torna a discussĂ£o em torno de tema indispensĂ¡vel. NĂ£o hĂ¡, no entanto, consenso sobre o assunto entre os aliados do presidente eleito.

O general Marco Edson Gonçalves Dias, responsĂ¡vel pela segurança do petista nos primeiros mandatos, Ă© um dos que se posicionam contra a mudança.

A interlocutores, ele argumenta que a natureza da atividade do Ă³rgĂ£o justifica a presença de militares em sua estrutura. O oficial tambĂ©m costuma dizer que o prĂ³prio Lula manteve 800 fardados no GSI durante os seus dois primeiros mandatos.

O assunto Ă© delicado para o futuro governo. HĂ¡ correntes do PT que defendem atĂ© mesmo a extinĂ§Ă£o do GSI, que tem status de ministĂ©rio no atual desenho do governo.

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Outra ala vĂª a necessidades de remoĂ§Ă£o dos militares de funções que necessitam atuar dentro do PalĂ¡cio do Planalto.

A ex-presidente petista Dilma Rousseff retirou o status ministerial do GSI em seu segundo mandato — o Ă³rgĂ£o foi alocado na estrutura da Secretaria de Governo, comandada Ă  Ă©poca por um civil, o ex-deputado petista Ricardo Berzoini.

Auxiliares prĂ³ximos a Lula jĂ¡ se preparam para substituir o maior nĂºmero possĂ­vel de cargos que hoje dĂ£o as cartas no GSI.

O entendimento Ă© que os principais nomes da atual formaĂ§Ă£o nĂ£o podem participar da transiĂ§Ă£o, atuar durante a posse, tampouco ao longo do futuro governo.

Incomodou os petistas a constataĂ§Ă£o de que hĂ¡ funcionĂ¡rios dos quadros do GSI ocupando as mais variadas funções no Executivo federal, inclusive atendendo telefones.

Leia mais na matéria de Jeniffer Gularte, Patrik Camporez, Eduardo Gonçalves e Daniel Gullino no portal O Globo

Foto: AgĂªncia Brasil