Empresas acusam licitaĂ§Ă£o de internet de Bolsonaro de favorecer Musk

O ministro das Comunicações, FĂ¡bio Faria, foi o principal responsĂ¡vel pelas negociações no governo que viabilizaram a concorrĂªncia

Publicado em: 22/11/2022 Ă s 15:31 | Atualizado em: 22/11/2022 Ă s 15:41

Empresas de satĂ©lite que operam no Brasil dizem que o governo Jair Bolsonaro (PL) direcionou uma licitaĂ§Ă£o para a Starlink, empresa do bilionĂ¡rio Elon Musk, o dono do Twitter.

Conforme reportagem da Folha, trĂªs grandes empresas do ramo levantaram suspeitas de que as exigĂªncias do edital sĂ£o “sob medida” para contemplar a empresa de Musk.

“NĂ£o posso dizer que teve mĂ¡ fĂ© [na licitaĂ§Ă£o], mas, com tudo o que ele [FĂ¡bio Faria] fez antes [tentativas de trazer Elon Musk para conectar escolas no paĂ­s], ficou suspeito”, disse FĂ¡bio Alencar, presidente do Sindisat (Sindicato Nacional das Empresas de SatĂ©lite).

O ministro das Comunicações, FĂ¡bio Faria, foi o principal responsĂ¡vel pelas negociações no governo que viabilizaram a concorrĂªncia. Ele nega irregularidades.

O edital prevĂª conexĂ£o de internet para cerca de 7.000 escolas em locais afastados. A habilitaĂ§Ă£o das interessadas se encerra nesta quinta-feira (24).

Pelas regras, as operadoras de satĂ©lite terĂ£o de oferecer velocidades mĂ­nimas e mĂ¡ximas muito acima da mĂ©dia praticada pelo mercado.

Nenhuma delas, exceto a de Musk, diz que consegue cumprir a exigĂªncia por um preço baixo, outro requisito.

A disputa prevĂª a conexĂ£o de 6,9 mil escolas por diversas tecnologias (fibra Ă³ptica, cabo coaxial, 5G, satĂ©lite e rĂ¡dio, por exemplo).

No entanto, os custos para conexĂ£o dessas localidades mais afastadas, a maior parte no meio da AmazĂ´nia, sĂ£o tĂ£o elevados que serĂ¡ impossĂ­vel nĂ£o repassĂ¡-los para o preço, afirmam.

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Por isso, o edital prevĂª que, na impossibilidade de conexĂ£o por fibras ou cabos, caberĂ¡ Ă  operadora de satĂ©lite fazer o atendimento. Estima-se que sejam ao menos 4 mil escolas.

O contrato foi fechado pela RNP (Rede Nacional de Ensino e Pesquisa), Ă³rgĂ£o vinculado ao MinistĂ©rio de CiĂªncia e Tecnologia, e o MinistĂ©rio das Comunicações -que pagarĂ¡ a conta.

Segundo publicaĂ§Ă£o do NotĂ­cias ao Minuto, o ministro FĂ¡bio Faria disse que nĂ£o tem nada a ver com a RNP, que estĂ¡ sendo contratada para prestar um serviço ao governo.

“Se tiver um edital direcionado, eu serei o primeiro a nĂ£o aceitar”, disse.

Encontro

Em setembro, em plena campanha eleitoral, Faria promoveu um evento numa escola na zona rural de Careiro da VĂ¡rzea (AM) conectada pela Starlink. Na ocasiĂ£o, Musk fez uma live para os presentes.

A presidente da SpaceX, outra empresa de satĂ©lites do grupo, Gwynne Shotwell, tambĂ©m participou, presencialmente, e pĂ´de acompanhar a transmissĂ£o.

Faria tambĂ©m trouxe o bilionĂ¡rio para se encontrar com empresĂ¡rios brasileiros e o presidente Bolsonaro e um hotel de luxo no interior de SĂ£o Paulo.

Naquele momento, jĂ¡ era ideia de o governo conectar escolas por meio da empresa de Musk, mas as reações contrĂ¡rias foram fortes.

O ministro afirma que seu programa de conexĂ£o das escolas, especialmente as rurais, vem sendo conduzido pela Telebras em parceria com a Viasat.

No entanto, hĂ¡ limitações para que essa cobertura seja feita e, por isso, abriu o mercado para outras empresas por meio da RNP.

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Foto: ReproduĂ§Ă£o/Twitter