A caminho do juízo final, Eduardo Braga cai pela terceira vez

Em disputa pelo Governo do Amazonas, neste segundo turno, senador do MDB perde a eleição para o governador Wilson Lima.

A caminho do juízo final, Eduardo Braga cai pela terceira vez

Da Redação do BNC Amazonas

Publicado em: 30/10/2022 às 18:15 | Atualizado em: 30/10/2022 às 18:48

Caiu um dos últimos caciques políticos do Estado do Amazonas. 

O senador Eduardo Braga (MDB) foi derrotado, neste domingo, 30 de outubro, pelo atual governador Wilson Lima (União Brasil). 

Assim como ele, o ex-governador Amazonino Mendes (Cidadania) sequer chegou ao segundo turno em 2022. Ficou com apenas 18,56%, na terceira posição. 

Também foi derrotado nesse pleito, o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio Neto (PSDB), que tentou voltar ao Senado. Obteve 9,50% dos votos. 

Mas, a derrota de Braga é emblemática porque ele era considerado um dos políticos mais poderosos do Amazonas. 

Apesar de sua carreira vitoriosa, como vereador e prefeito de Manaus, deputado estadual, deputado federal, governador, senador e ministro de Estado, Braga sucumbiu eleitoralmente.

Arrogância e machismo

Nesta eleição de 2022, Eduardo passa a acumular sua terceira derrota consecutiva para o Executivo estadual. E muitos são os fatores que levaram Braga a essa derrocada política nos últimos anos.

Consequentemente, sua conhecida arrogância e prepotência têm lhe custado apoios e adesões, especialmente junto aos prefeitos do interior. 

Outros episódios de ataques e ofensas às mulheres, como o caso da ex-ministra de Bolsonaro, Flávia Arruda. 

Assim como o flagrante desrespeito e ato de machismo contra a jornalista do SBT, Márcia Dantas, em debate nas eleições de 2022. 

Começo do calvário 

Depois de “mandar no Amazonas” por oito anos (2003-2010), com sua peculiar arrogância, truculência e individualismo administrativo, elegeu-se senador. 

O calvário de sofrimento político de Eduardo Braga começa com sua primeira derrota em 2014. 

E um fato marcou o fim de sua gestão: só entregou o governo ao sucessor Omar Aziz no último minuto de mandato.

Foi ali que ele perdeu o apoio do governador eleito e agora senador reeleito pelo PSD.  

Derrota para Melo 

Já no mandato de senador (2011-2018), Braga, com sua ambição ilimitada pelo poder, concorre ao Governo do Estado em 2014.  

No entanto, sofre derrota, pela primeira vez, para outro aliado de longa data: José Melo (Pros), que o venceu no segundo turno. 

Insatisfeito com o revés das urnas – síndrome do mal perdedor – ele apela ao terceiro turno eleitoral. 

Assim, entra na Justiça e promove um tumulto jurídico de tal proporção que consegue tirar o mandato do governador eleito. 

Mandato tampão

Com a cassação do governador José Melo, abre-se um processo de eleição suplementar em 2017.  

Nesse ano, Eduardo Braga entra na briga pelo comando do Estado do Amazonas, mas perde, novamente, a disputa para o veterano Amazonino Mendes. Este, por sua vez, já estava aposentado.

Em 2018, em busca do segundo mandato de senador, por muito pouco, Eduardo não perde a vaga para o ex-deputado estadual Luiz Castro.

O ex-parlamentar perdeu as duas últimas semanas de campanha acometido de um problema cardíaco.  

A diferença foi de apenas 25.733 votos, que vieram de redutos do interior. 

Eleição 2022 

Até que chegam as eleições de 2022.  

Eduardo Braga, o último candidato da disputa, entra no “game político” ancorado no ex-presidente Lula.

Ele entrou como uma espécie de contrapeso, em negociações MDB-PT. 

O candidato do PT à Presidência da República queria um bom nome a governador para lhe dar palanque no Amazonas contra Bolsonaro. 

No entanto, o senador pouco fez pelo petista e sua campanha eleitoral não ganhou o apoio da esquerda-raiz no estado. 

Com a debilidade física – pela idade e doença – de Amazonino Mendes, Braga chegou ao segundo turno com apenas 20,99% dos votos. 

O governador Wilson Lima ficou em primeiro lugar com 42,82% da votação. 

Terceiro turno 

Diante desse resultado, com derrota acachapante para o atual governador, tudo indica que Braga vai utilizar de seu defeito de mau perdedor

Assim como fez com José Melo, em 2014, novamente, deverá buscar um terceiro turno da eleição via tapetão judicial”.

Julgamento final 

De todo modo, Eduardo Braga ainda tem quatro anos no mandato de senador.   

Caso sua sede de poder continue em alta, ele poderá vir a disputar a Prefeitura de Manaus em 2024. Ou ainda buscar a reeleição dois anos depois em 2026. 

É nesse ato final, nesse julgamento derradeiro, que o povo do Amazonas poderá vê-lo triunfar ou amargar nova derrota. E, assim, pôr fim à sua carreira política.

Foto: Charge: Gilmal