Como o pirarucu do Amazonas pode virar praga em rios paulistas
Além de se adaptar muito bem ao novo habitat, no rio não existe um predador para ele

Publicado em: 25/08/2022 às 13:50 | Atualizado em: 28/08/2022 às 11:47
O pirarucu é um dos maiores peixes de água doce. Pode passar dos 200 quilos e medir até três metros de comprimento.
O gigante dos rios, como é conhecido, se alimenta de peixes, e o apetite voraz tem assustado pescadores do interior de São Paulo.
Ninguém sabe como a espécie amazônica foi parar no Rio Grande, na divisa dos estados de Minas Gerais e São Paulo.
A suspeita é que o rompimento de um tanque de criação de pirarucus há dez anos tenha levado os peixes para o local.
E a grande preocupação é com o desequilíbrio ambiental que ele pode causar. Além de se adaptar muito bem ao novo habitat, no rio não existe um predador para ele.
Alimentação Pirarucu
O pirarucu se alimenta de peixes, por isso consome os peixes nativos, além de pequenos roedores, cobras e, às vezes, até mesmo aves que caem na água.
Por ser uma espécie exótica, não natural dos rios paulistas, o gigantesco peixe de escamas não tem predadores. O que preocupa os ambientalistas é que ele pode proliferar e colocar em risco as espécies nativas, como dourado e piava, ou adaptadas, como tucunaré e tilápia. Um pirarucu devora em média 10 quilos de peixes por dia.
Como a criação de peixes de água doce avança no Brasil e, em São Paulo, se concentra na região noroeste, entre as bacias dos rios Tietê, Paraná e Grande, o risco é que o pirarucu passe a atacar os viveiros de criação de peixes.
O peixe amazônico tem carne saborosa e de bom apelo comercial, por isso as criações em cativeiro no estado remontam a 1997, quando um primeiro criadouro foi instalado em Atibaia.
Os grandalhões que habitam o Rio Grande estão restritos ao trecho correspondente à barragem da Hidrelétrica de Marimbondo, em Cardoso.
O problema é que o peixe pode subir pelos afluentes do Grande nesse trecho, como o rios Pardo e Mogi-Guaçu, e se espalhar para outros rios.
Atualmente, filhotes de pirarucu já são vendidos para pesqueiros da região. Moradores locais contam que o peixe amazônico foi parar no Rio Grande depois que chuvas intensas fizeram transbordar a represa onde um criador mantinha 180 matrizes de pirarucu. Os peixes procriaram rapidamente, mesmo sendo bastante procurados pelos pescadores.
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Foto: Bernardo Oliveira