Câmera na farda diminui violência da PM a menor nível desde 2005
O total de vítimas da letalidade policial neste primeiro semestre representa uma queda de 41,1% comparada ao mesmo período do ano passado

Publicado em: 27/07/2022 às 10:50 | Atualizado em: 27/07/2022 às 10:50
As polícias Civil e Militar de São Paulo chegaram ao menor índice de letalidade para o primeiro semestre desde 2005. Atualmente os números apontam 202 vítimas contabilizadas entre janeiro e junho deste ano. Antes esta taxa era de 178.
Se observadas apenas as mortes decorrentes de operações ou agentes em serviço e desconsideradas as ocorrências envolvendo de folga, foram 133 registros, o menor total da série histórica iniciada em 2001.
O total de vítimas da letalidade policial neste primeiro semestre representa uma queda de 41,1% quando comparada com o mesmo período do ano passado e de 60,7% em relação ao número de vítimas registradas entre janeiro e junho do ano anterior.
Naquele 2020, foram 514 mortes registradas, o maior número de ocorrências desde que elas começaram a ser contabilizadas e disponibilizadas publicamente pela Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP).
Uma das medidas por trás da diminuição desses números é a implementação de câmeras corporais nas fardas de alguns policiais selecionados, por meio do programa Olho Vivo.
Instaurada no começo do ano passado pelo então governador João Doria, a iniciativa já funciona em 58 batalhões do Estado através de 8,1 mil equipamentos. A expectativa é que até o fim do próximo mês este total chegue a mais de 10 mil.
“As câmeras têm uma responsabilidade por trás desse número, por ser um programa importante, especificamente para os batalhões que reduziram a letalidade mais do que outros. Mas é importante a gente destacar que essa queda é anterior à implantação dos equipamentos e começa uns meses antes”, aponta Samira Bueno, diretora do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
Ela explica que o programa Olho Vivo foi implementado em fases e chegou aos batalhões mais letais apenas no ano passado.
Antes disso, entretanto, uma mudança institucional começou a reverberar após uma operação em Paraisópolis ter resultado na morte de nove pessoas nas semanas finais de 2019.
“Para entender porque chegamos nesse número menor, precisamos entender o que aconteceu ali, quando (Doria) percebeu que não conseguiria segurar a polícia”, diz Samira.
Naquela época, o caso rendeu uma série de protestos pela capital paulista e um desconforto entre Doria e o então comandante da PM, o coronel Marcelo Vieira Salles, que em março do ano seguinte entregou o cargo.
Seguiram-se as câmeras corporais, o anúncio de novos protocolos para a segurança pública e a adoção de equipamentos não letais, como as 7,5 mil armas de incapacitação neuromuscular utilizadas hoje pelo Estado.
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Foto: Rubens Cavallari/Folhapress/ Reprodução UOL