Substituto de Bruno na Funai já aplica política anti-indígena de Bolsonaro

Geovanio Oitaiã ignorou evidências da existência de um novo povo sem contato em terra indígena

Publicado em: 22/07/2022 às 10:07 | Atualizado em: 22/07/2022 às 10:07

O novo coordenador-geral de Índios Isolados e de Recente Contato da Funai, Geovanio Oitaiã Pantoja, ignorou evidências coletadas em campo sobre a possível existência de um povo sem contato na terra indígena Ituna Itatá, no sul do Pará, colocando em risco a proteção do território.

Pantoja, mais conhecido como Geovanio Katukina, em referência ao povo ao qual pertence, ocupava a coordenação de isolados da Funai interinamente desde janeiro e foi efetivado no cargo no último dia 15. Esse foi o último posto no órgão do indigenista Bruno Pereira, assassinado no Vale do Javari no início de junho.

Documentos obtidos com exclusividade pela Repórter Brasil demonstram que Katukina emitiu um parecer contestando indícios coletados por servidores do órgão da existência do “povo nº 110 – Igarapé Ipiaçava” na terra indígena Ituna Itatá, cuja portaria de interdição temporária venceria em janeiro deste ano.

O parecer subsidiou um despacho da Direção de Proteção Territorial que concluiu, em 23 de novembro, que não foi possível confirmar a presença de indígenas isolados na área. A Funai chegou a divulgar, em janeiro, que não iria renovar a portaria, mas a Justiça interferiu e garantiu a proteção do território.

Localizada nas margens do rio Xingu, a Ituna Itatá vem sendo ocupada por grileiros e está entre as terras indígenas mais desmatadas nos últimos anos.

Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, Bruno Pereira alertou que esse é um dos territórios de isolados que são alvo “de interesses fundiários e minerários monstruosos.

São terras relativamente grandes e que valem milhões e milhões de reais”. A entrevista foi publicada, em 18 de junho, após sua morte.

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As evidências contestadas foram obtidas por indigenistas experientes e consideradas as mais consistentes em dez anos de pesquisas na região.

A expedição foi realizada em setembro de 2021, quando Katukina ocupava o cargo de coordenador da Política de Proteção e Localização de Indígenas Isolados.

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Foto: Fábio Nascimento/Greenpeace