Homicídio cai no país, mas crimes por arma de fogo aumentam

Especialista afirma que mais armas em circulação aumentam a violência, nunca o contrário

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Publicado em: 15/07/2022 às 09:51 | Atualizado em: 15/07/2022 às 09:51

Em 2021, na contramão da queda de homicídios no país, cresceu 24% o número de assassinatos por revólveres, pistolas e garruchas. As armas são oficialmente classificadas como armas de fogo de mão, que se diferenciam das de maior calibre como espingardas ou fuzis, por exemplo.

Os dados foram obtidos pela coluna no SIM (Sistema de Informação de Mortalidade), do Ministério da Saúde.

Segundo o sistema, em 2021 o país teve uma redução de 13% no total de homicídios: no ano passado, foram 41.354 assassinatos classificados como agressão, contra 47.680 em 2020.

No mesmo período, porém, o número de mortos por armas de fogo de mão cresceu 24,5%: de 3.118 (2020) para 3.878 (2021). Todas as mortes por outros meios de agressão diminuíram.

Especialistas ouvidos pela reportagem afirmam que os dados reforçam a tese de que a queda no número de homicídios no país poderia ser maior caso o Brasil não tivesse adotado uma política armamentista nos últimos anos.

“É importante e preocupante esse dado. O que estamos vendo é um indício de que as armas não são usadas até um desavença em que o dito ‘cidadão de bem’ aperta o gatilho porque perdeu a cabeça”, diz Carolina Ricardo, diretora-executiva do Instituto Sou da Paz.

Segundo ela, já há um consenso na literatura de estudos pelo mundo sobre violência de que mais armas circulando resultam em um aumento de violência —nunca o contrário.

“Esse aumento de mortes mostra também um indício relevante de que a gente vai ter um recrudescimento da violência por arma de fogo”, afirma.

“No governo hoje não há políticas públicas estruturadas e sólidas para a segurança pública. Temos apenas coisas pontuais, alguns esforços isolados. A grande política foi facilitar o acesso às armas”, completou.

Leia mais na coluna de Carlos Madeiro no UOL

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Foto: Divulgação