ZFM produziu 100 mil motos a menos por causa da covid em 2021
Apesar de não atingir a meta, que ficou 2% abaixo, Abraciclo projeta 1,29 milhão de motos e 880 mil bicicletas neste ano

Antônio Paulo, do BNC Amazonas em Brasília
Publicado em: 20/01/2022 às 19:16 | Atualizado em: 20/01/2022 às 19:41
A segunda onda de coronavírus, que atingiu Manaus no início de 2021, e as restrições implantadas nas linhas de produção para evitar a disseminação da doença fizeram com que o polo de duas rodas da Zona Franca de Manaus (ZFM) deixasse de produzir cerca de 100 mil motocicletas
A indústria de motocicletas fechou 2021 com a produção de 1.195.149 unidades, alta 24,2% na comparação com o ano anterior (961.986 motocicletas). Mas, ficou 2% abaixo da expectativa da associação, que era de fabricar 1.220.000 motocicletas.
Mesmo assim, a Abraciclo projeta que a produção de motocicletas deve atingir 1,29 milhão de unidades em 2022, com crescimento de 7,9% na comparação com o ano passado que fechou com 1,19 milhão de motocicletas.

Para a produção de bicicletas, a estimativa é 880 mil unidades, 17,4% em relação a 2021
O presidente da Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares), Marcos Fermanian, apresentar nesta quinta-feira, 20, os números do setor de duas rodas, disse que a meta poderia ser atingida não fossem os obstáculos enfrentados pelas fabricantes da ZFM.
“O maior distanciamento entre os postos de trabalho, por exemplo, aumenta o tempo de fabricação, mas é importante ressaltar que todas as medidas estão mantidas, pois a prioridade é a saúde e segurança do colaborador”, declarou Fermanian.
No varejo, a expectativa é que este ano sejam emplacadas 1.230.000 motocicletas, o que corresponde a uma alta de 6,4% em relação a 2021 (1.156.074 unidades).
Os emplacamentos totalizaram 1.156.074 unidades, alta de 26,3% na comparação com 2020 (915.157 motocicletas).
Alta nas exportações
As exportações deverão totalizar 54.000 unidades, alta de 1% sobre o volume registrado no ano passado. Em 2021, a vendas para o exterior somaram 53.476 unidades, o que corresponde a um aumento de 58,4% em relação a 2020 (33.750 unidades).
De acordo com levantamento do portal de estatísticas de comércio exterior Comex Stat, que registra os embarques totais de cada mês, analisados pela Abraciclo, a Argentina foi o principal mercado, com 16.119 unidades exportadas e 28,7% do volume total exportado. Em segundo lugar, ficou a Colômbia (12.541 motocicletas e 22,4% das exportações), seguida pelos Estados Unidos (11.642 unidades e 20,8%).
De acordo com o presidente da Abraciclo, as limitações nas linhas de montagem fizeram com que, em 2021, tivesse dificuldade em atender à demanda crescente. Hoje a fila de espera é de cerca de 30 dias para modelos de baixa cilindrada e scooters.
Marcos Fermanian diz ainda que a tendência para os próximos meses é de normalização. “Todas as associadas estão se esforçando para atender ao consumidor que espera, quer e precisa de uma motocicleta nova”, enfatiza o executivo.
Bikes
Já para a produção de bicicletas, a Abraciclo está estimando 880 mil unidades, este ano, com aumento de 17,4% em relação a 2021.
No ano passado, de janeiro a dezembro, foram produzidas 749,3 mil bicicletas ante à projeção de 820 mil. No entanto, a variação comparada a 2020 foi de 84,1 mil unidade a mais em 2021.

A bicicletas mountain bike (MTB) representaram 62,1% da produção em todo o país (465 mil), ficando as bicicletas urbanas/lazer em segundo lugar (26,3%), com 196,8 mil unidades, e as infantojuventil (8,3%) que tiveram uma produção de 62 mil bikes.
O destaque foi o aumento da produção de bicicletas elétricas. Em 2019, foram fabricadas apenas 2,9 unidades, subindo para 4,7 em 2020, chegando a 10,3 mil em 2021. A projeção da Abraciclo para este ano é que sejam produzidas 16 mil elétricas, aumento de 5,6%.
De acordo com a associação dos fabricantes, os números do polo de bicicletas, com pequena queda na projeção (-70,2 mil unidades) revelam:
• Pandemia influenciou o desempenho do PIM (protocolos sanitários, produção etc.)
• Pandemia promove o desabastecimento global de peças e componentes (transmissões, freios, suspensões etc.)
• Aumento dos custos de insumos e logística (frete)
• Demanda positiva em função do protagonismo da bicicleta na mobilidade e na logística urbana (delivery)
Mercado e tendências 2022
Fatores econômicos, com sustentabilidade da demanda; capacidade de atendimento por parte da cadeia de fornecedores e abastecimento do mercado interno por parte das fabricantes projetam continuidade do crescimento do segmento mountain bike e elétrico.
A mobilidade e logística urbana (delivery), a alta nos preços dos combustíveis, promoção da infraestrutura cicloviária e da segurança, assim como novos investimentos e ampliação e modernização dos parques produtivos também deverão contribuir para o crescimento do setor de bicicletas.
Recuperação gradativa
As projeções de crescimento confirmam o cenário de recuperação gradativa da indústria de motocicletas e de bikes, que vem retomando os volumes pré-pandemia.
“Esperamos um cenário mais estável neste ano para conseguirmos atingir novamente os patamares de 2015, quando a produção ficou na casa do 1,2 milhão de unidades”, disse Marcos Fermanian, presidente da Abraciclo.
Fermanian explica que o avanço dos serviços de entrega e o maior uso da motocicleta nos deslocamentos urbanos, devido ao aumento dos preços dos combustíveis e a disponibilidade de crédito, estão entre os fatores que fazem a demanda pelo modal continuar em alta.
No entanto, a Abraciclo está atenta para algumas variáveis que podem impactar esse desempenho, como o aumento dos casos da variante Ômicron e da gripe H3N2, que podem afastar os colaboradores dos postos de trabalho e impactar a produção.
As instabilidades do cenário macroeconômico que influenciam desde o abastecimento e reorganização das cadeias produtivas, até a alta nas taxas de juros e do frete, por exemplo, também merecem atenção.
“Também acompanhamos outros movimentos do cenário político e econômico que podem afetar o poder de compra do consumidor e impactar negativamente a demanda por motocicletas”, comenta Fermanian.
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