Bolsonaro diz a apoiadores que pegou covid pela segunda vez

O primeiro resultado positivo do chefe do Executivo para a covid-19 aconteceu em julho de 2020, quando o presidente sentiu alguns sintomas da doença e fez o exame em Brasília

#ForcaCovid viraliza apĂ³s Bolsonaro acusar sintomas da doença

Publicado em: 13/09/2021 Ă s 17:22 | Atualizado em: 13/09/2021 Ă s 17:22

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse nesta segunda-feira (13) que ainda nĂ£o se vacinou contra a covid-19, mesmo com Ă s recomendações de especialistas, e, sem mĂ¡scara, sugeriu que, pelo seu Ă­ndice de IgG, pode ter contraĂ­do covid-19 pela segunda vez.

“Eu nĂ£o tomei a vacina e estou com 991 [de nĂ­vel de imunoglobulina G, o IgG, um marcador de anticorpos]. Eu acho que peguei covid de novo e nem fiquei sabendo”, declarou aos apoiadores em frente ao PalĂ¡cio da Alvorada, em BrasĂ­lia.

Apesar da afirmaĂ§Ă£o, o presidente nĂ£o deu mais detalhes de quando a nova contaminaĂ§Ă£o teria acontecido.

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O primeiro resultado positivo do chefe do Executivo para a covid-19 aconteceu em julho de 2020, quando o presidente sentiu alguns sintomas da doença e fez o exame em BrasĂ­lia, que atestou a contaminaĂ§Ă£o.

Ă€ Ă©poca, Bolsonaro disse que tomou hidroxicloroquina e azitromicina, remĂ©dios que nĂ£o sĂ£o eficazes cientificamente contra a covid-19, e estava se sentindo bem.

“Começou domingo, com uma certa indisposiĂ§Ă£o, se agravou na segunda-feira, com mal-estar, cansaço e febre de 38 graus. O mĂ©dico da presidĂªncia, apontando a contaminaĂ§Ă£o por covid-19, fui fazer uma tomografia no hospital. Equipe mĂ©dica decidiu dar hidroxicloroquina e azitromicina. Como acordo muito durante a noite, depois da meia-noite senti uma melhora, Ă s 5 da manhĂ£ tomei a segunda dose e estou me sentindo bem”, disse Bolsonaro na ocasiĂ£o do primeiro diagnĂ³stico.

O UOL entrou em contato com o PalĂ¡cio do Planalto para saber mais detalhes, mas nĂ£o teve retorno atĂ© a Ăºltima atualizaĂ§Ă£o desta nota.

Protestos contra o governo

Hoje, Bolsonaro tambĂ©m minimizou os atos contra o governo ocorridos ontem. Aos apoiadores, o chefe do Executivo afirmou que sĂ³ uma minoria “digna de dĂ³” foi Ă s ruas e ainda ironizou a presença de presidenciĂ¡veis nos atos. “Viram em SĂ£o Paulo, ontem, cinco presidenciĂ¡veis aglomerados?”, questionou Bolsonaro.

Entre os cotados para disputar o Planalto em 2022, estiveram presentes na Avenida Paulista o governador de SĂ£o Paulo, JoĂ£o Doria (PSDB); o ex-ministro da SaĂºde Luiz Henrique Mandetta (DEM); o ex-ministro da Fazenda Ciro Gomes (PDT); o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) e a senadora Simone Tebet (MDB-MS).

PorĂ©m, ao contrĂ¡rio do que o presidente costuma fazer, todos os presentes nos atos utilizavam mĂ¡scara, seguindo a recomendaĂ§Ă£o de autoridades sanitĂ¡rias, exceto nos momentos de discursos. “Citaram questões pessoais. NĂ£o vĂ£o me tirar daqui com isso de jeito nenhum”, declarou Bolsonaro.

Foram registradas ontem manifestações contrĂ¡rias ao governo em todo o paĂ­s, mas com adesĂ£o bastante menor em comparaĂ§Ă£o com 7 de setembro, como destacou mais cedo o vice-presidente Hamilton MourĂ£o (PRTB). Os atos reuniram setores da direita que abandonaram o presidente, como o Movimento Brasil Livre (MBL), e algumas figuras da esquerda, mas parte desse campo resistiu a ir Ă s ruas com ex-bolsonaristas.

InterferĂªncia

Questionado por uma apoiadora sobre a dificuldade do exame Revalida, prova do Conselho Federal de Medicina (CFM) para autorizar o exercĂ­cio da profissĂ£o no paĂ­s por mĂ©dicos formados no exterior, Bolsonaro respondeu que nĂ£o tem interferĂªncia no Ă³rgĂ£o.

“Zero, zero interferĂªncia. É igual Ă s agĂªncias aqui no governo. Pessoal pensa que eu mando, mas nĂ£o mando em agĂªncias, nĂ£o”.

ConstituiĂ§Ă£o

Bolsonaro ainda leu aos apoiadores presentes o artigo 1º da ConstituiĂ§Ă£o Federal de 1988.

“Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta ConstituiĂ§Ă£o”, frisou o chefe do Planalto, pedindo aos presentes intensificaĂ§Ă£o de estudos sobre a realidade paĂ­s.

“Alguns idiotas nĂ£o aprendem nunca, mas temos de dar conhecimento Ă s pessoas que nĂ£o tĂªm ainda”, disparou.

Discurso

De olho nas eleições de 2022, o presidente também resgatou alguns aspectos do discurso conservador que o alçou ao comando do país em 2018.

ContrĂ¡rio ao politicamente correto, contou a apoiadores “piadas” de cunho machista. “Todas as mulheres sĂ£o torcedoras do Botafogo, nĂ£o vou falar por quĂª”, afirmou, arrancando risos de simpatizantes.

“O Brasil estĂ¡ chato. VocĂª nĂ£o pode contar uma piada. Eu sĂ³ conto piada em cĂ­rculo reduzindo e sabendo que ninguĂ©m estĂ¡ gravando.”

Bolsonaro ainda insistiu em sua retĂ³rica de que a inflaĂ§Ă£o dos alimentos Ă© culpa da polĂ­tica do “fique em casa” adotada por estados e municĂ­pios durante a pandemia, desprezando, mais uma vez, o efeito cambial do fenĂ´meno e o impacto de questões polĂ­ticas na alta do dĂ³lar.

“As coisas ruins nĂ£o acontecem de uma hora para outra, a nĂ£o ser um raio. O estado Ă© bonzinho, vai dar comida para vocĂª, tome isso, tome aquilo. Quando vocĂª ver, a Ă¡gua ferveu demais. É assim que começam os regimes de exceĂ§Ă£o e terminam da forma mais trĂ¡gica possĂ­vel, como da Venezuela”, declarou o chefe do Executivo, voltando a forçar comparações com o paĂ­s vizinho. “Se o Brasil tiver aqui um caos, convulsĂ£o social, nĂ£o vai ser diferente de Venezuela”.

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Foto: Marcello Casal Jr/AgĂªncia Brasil